Órgão eleitoral da Colômbia abre investigação contra Petro, que denuncia golpe de Estado

Atualizado em 9 de outubro de 2024 às 9:37
o presidente da Colômbia Gustavo Petro: ele é alvo de uma investigação por, supostamente, violar os limites de gastos nas eleições. Foto: reprodução

A autoridade eleitoral da Colômbia (CNE) anunciou na última terça-feira (8) a abertura de uma investigação administrativa contra o presidente Gustavo Petro e membros de sua campanha de 2022, acusados de supostamente violar os limites de gastos eleitorais.

Petro classificou a investigação como uma tentativa de “golpe de Estado”. A defesa do presidente tem um prazo de 15 dias, a partir desta terça, para responder às acusações.

De acordo com o presidente do Conselho Nacional Eleitoral, César Lorduy, Petro e sua equipe de campanha “são acusados de suposta violação do limite de gastos” no valor aproximado de US$ 925 mil (R$ 5,1 milhões).

Embora o presidente possa enfrentar multas financeiras, especialistas afirmam que não há risco imediato de perda do cargo. No entanto, existe a possibilidade de que o CNE encaminhe o caso à Câmara dos Representantes para que Petro seja submetido a um julgamento político.

Durante uma coletiva de imprensa, César Lorduy explicou que “esta é apenas uma abertura para formular acusações e iniciar uma investigação. Por enquanto, não há sanção”. A partir de agora, os envolvidos têm os prazos legais para apresentarem suas defesas.

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Gustavo Petro: o presidente da Colômbia classificou a ação como uma tentativa de “golpe de Estado”. Foto: reprodução

Entre os investigados estão Ricardo Roa, que foi gerente da campanha de Petro em 2022 e atualmente é o chefe da petroleira estatal Ecopetrol, além de sua tesoureira. Também estão sendo investigados dirigentes dos movimentos Colômbia Humana e União Patriótica, os principais partidos de esquerda no país.

Desde o início das investigações sobre as supostas irregularidades, Gustavo Petro tem afirmado que a autoridade eleitoral está sendo usada com o objetivo de destituí-lo. “O golpe de Estado começou”, escreveu o presidente na rede social X.

O caso ganhou destaque quando, em julho do ano passado, o filho mais velho de Petro, Nicolás Petro, admitiu à Promotoria que havia recebido dinheiro de um chefe do narcotráfico e usado em eventos de campanha na costa caribenha.

Segundo as investigações do CNE, a equipe de Petro não declarou os gastos relacionados à organização de encontros com apoiadores na costa caribenha, uma região historicamente dominada pela direita, mas que, nas últimas eleições, impulsionou a vitória do candidato de esquerda.

A hipótese ganhou ainda mais força quando Nicolás Petro confessou que o dinheiro, proveniente de um narcotraficante conhecido como “o homem Marlboro”, entrou na campanha. A confissão ocorreu no contexto de uma investigação por lavagem de dinheiro, pela qual Nicolás foi preso em julho de 2023. Ele afirmou que seu pai não tinha conhecimento desses movimentos financeiros.

“Todas as organizações populares do país devem constituir uma assembleia permanente. Chegou o momento da mobilização generalizada do povo colombiano. Peço ao corpo diplomático uma reunião para explicar ao mundo que o que o CNE fez é um golpe contra a imunidade abrangente do presidente e contra o voto popular e a lei”, afirmou Petro.

Ele já havia se defendido das acusações e afirmou que despesas feitas após a eleição foram incluídas na investigação como sendo parte da campanha: “Você pode observar que as doações a partidos se tornaram irregulares mesmo quando são permitidas por lei e que supostas despesas após o término da campanha eleitoral são apresentadas como se estivessem dentro da campanha”.