
Por Moisés Mendes
Chegam notícias de Pelotas. Depois da prefeita tucana Paula Mascarenhas, o governador Eduardo Leite abriu o voto para o petista Fernando Marroni, na guerra contra o bolsonarista Marciano Perondi no segundo turno.
Marroni é ex-prefeito de Pelotas e ex-deputado e teve 39,60% dos votos válidos no primeiro turno, contra 31,67% de Perondi. Para abrir o voto, Leite declarou em entrevista à CNN:
“Na minha cidade, em Pelotas, deverei dar o meu voto ao candidato do PT, Fernando Marroni, embora eu não concorde totalmente com as ideias dele, embora eu tenha divergências. O outro lado ainda apresenta uma candidatura que não consegue dizer com clareza o que quer para a cidade”.
Falta clareza num candidato de Bolsonaro? É isso mesmo? Talvez seja mais um pouco. Leite foi reeleito governador com o voto em massa do PT e das esquerdas, que assim evitaram Onyx Lorenzoni. Mas logo avisou que continuaria com suas conexões com a extrema direita.
O que o governador faz agora é uma retribuição tardia? Nada disso. Leite está num jogo de xadrez complicado para direita e esquerda.
Finalmente, perdeu a prefeitura de Pelotas, sem um nome do PSDB no segundo turno. Longe dali, na Serra, o prefeito tucano de Caxias do Sul, Adiló Didomenico, disputa a reeleição contra o bolsonarista Mauricio Scalco.
Os petistas já haviam avisado, por manifestações nas redes sociais, que Didomenico iria se virar sozinho contra o candidato de Bolsonaro. Com vingança, porque em 2022 Leite teve respaldo e voto das esquerdas, inclusive de líderes do PT, mas nunca fez uma referência a esse apoio.

O cenário se complica ainda mais por outros fatos. Leite apoia a reeleição do prefeito Sebastião Melo (MDB) em Porto Alegre, contra Maria do Rosário, depois de ter apoiado Juliana Brizola (PDT) no primeiro turno.
E tem mais esta: em Santa Maria, o petista Valdeci Oliveira tenta retornar à prefeitura, no segundo turno, contra o tucano Rodrigo Décimo.
Leite fez as contas e, entre perdas e ganhos, decidiu que a saída era apoiar Marroni, para fazer média com o PT de Caxias. Só isso? Não, tem mais. Entre a volta de Marroni à prefeitura e a ascensão do bolsonarismo, que pode tomar o poder durante anos, escolheu a primeira opção.
Leite é o pouco que sobra do PSDB como figura com ambição de continuar jogando campeonato nacional. Seu partido foi mal também no Rio Grande do Sul, considerando-se que teve toda a máquina do governo. Passou de 27 para apenas 33 prefeitos.
Para 2026, resta-lhe o sonho de continuar sendo uma alternativa da direita à presidência da República, ou o bom consolo de ser candidato a senador.
Eduardo Leite é isso aí, a figura mais complexa e atrapalhada da direita brasileira, desde que tentou derrubar João Doria na corrida à presidência em 2022.
AS OUTRAS
O PL está na disputa do segundo turno em Pelotas, Caxias e Canoas. O bolsonarista Airton Souza disputa a prefeitura de Canoas contra o prefeito Jairo Jorge. No Estado, o PL tinha 10 prefeitos e elegeu 36.
Originalmente publicado no Blog do Moisés Mendes
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