Boulos volta a questionar Nunes sobre ex-cunhado de Marcola, do PCC, e pede que prefeito abra sigilo

Atualizado em 20 de outubro de 2024 às 4:29
Ricardo Nunes e Guilherme Boulos no debate da Record

No debate da Record deste sábado, dia 20, o candidato Guilherme Boulos (PSOL) trouxe novamente à tona o assunto envolvendo Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) da Prefeitura de São Paulo.

Olivatto tem sido alvo de questionamentos após reportagens revelarem suas ligações com um dos principais fornecedores de obras emergenciais da prefeitura. Segundo informações do UOL, ele mantém uma empresa sediada em um imóvel alugado de Fernando Marsiarelli, empresário beneficiado por contratos com a secretaria.

Durante o debate, Boulos voltou a cobrar explicações sobre o envolvimento de Olivatto e sua conexão com Marsiarelli, ampliando a denúncia sobre o crime organizado na administração municipal.

Boulos citou uma reportagem publicada pelo UOL afirmando que Olivatto é irmão de Ana Maria Olivatto, ex-companheira de Marco Willians Herba Camacho, o Marcola, e os contratos milionários da pasta, celebrados sem licitação.

Pediu também que Nunes abrisse mão do sigilo bancário. Mais um vez, Nunes se esquivou e preferiu vincular Boulos à rachadinha do deputado federal André Janones (Avante-MG).

Anteriormente, em um debate na TV Globo, Ricardo Nunes defendeu seu governo e afirmou que Olivatto é funcionário de carreira desde 1988, tentando minimizar as acusações feitas por Boulos.

Boulos citou ainda Osvaldo Cavalcante Maciel, nome que causa desconforto no círculo próximo ao prefeito de São Paulo. Maciel é um empresário condenado por um dos maiores escândalos bancários do Brasil nos anos 1990, tendo participado de um esquema que desviou R$ 1,6 bilhão do Banco do Brasil. No entanto, mais recentemente, seu nome voltou a ser mencionado devido a uma ligação com Nunes, fato que agitou ainda mais a corrida eleitoral para a prefeitura da maior cidade da América Latina.

A conexão veio à tona pela série de reportagens “Endereços”, do site De Olho nos Ruralistas, que levantou a hipótese de que Nunes, no passado, teria sido empregado de Maciel. A reportagem se chama “Como o prefeito de SP ficou subitamente milionário, em 1994”, e ouviu relatos de um ex-vizinho de Nunes, que afirmou que o atual prefeito havia trabalhado para Maciel.

O repórter procurou investigar as sabatinas e entrevistas de Nunes, sem encontrar qualquer menção a essa experiência. Decidiu então apurar mais profundamente, acessando processos judiciais e administrativos que envolviam a fraude bancária e buscando falar com os envolvidos. Eventualmente, o repórter conseguiu falar com Julianno Maciel, filho de Osvaldo, que confirmou: “De fato, o Ricardo Nunes foi funcionário do meu pai. Eu confirmo. A função dele na companhia eu não sei”.

Quando questionada sobre a ligação entre Nunes e Maciel, a equipe do prefeito responde de forma agressiva, através do advogado criminalista Daniel Bialski, ameaçando processar aqueles que tentarem vincular Nunes ao escândalo.