
O jornal norte-americano Philadelphia Inquirer entrevistou eleitores de Donald Trump para entender as motivações deles para elegê-lo. Nos últimos dias de campanha, os democratas pesaram a mão no argumento de que “Trump governaria como um ditador, chamando John Kelly, ex-chefe de gabinete de Trump de fascista”, apontou o jornal da Filadélfia, cidade na Pensilvânia.
Localizado no nordeste dos EUA, a Pensilvânia tinha uma pujante indústria metalúrgica e automobilística e sofreu com a concorrência de montadoras de outros países desde os anos 1990. Com 19 delegados no colégio eleitoral, o estado é fundamental na disputa. Trump foi o único republicano a vencer lá (2016 e 24) desde Bush pai em 1988.
Rocco Vernacchio, eleitor democrata da região sul de cidade da Filadélfia, de 73 anos, diz que “deveriam por uma meia na boca dele. Mas pior que a retórica republicana, era a situação econômica do país”. Muitos eleitores do estado-pêndulo (se Kamala tivesse ganhado na Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, seria eleita), pensaram do mesmo modo.
Matt Wolffson, ex-trabalhador da construção civil de Scranton, outra cidade populosa no estado, disse não amar a retórica violenta de Trump. “Acho ele um ditador, quase um Hitler, mas votei nele mesmo assim”, afirmou.
James Pizzo, eleitor republicano, não estava preocupado com os discursos de Trump, mas com as acusações dos eleitores democratas sobre os eleitores republicanos: “Fui chamado de lixo, de fascista e outros xingamentos. Eu não sou isso”.

A classe trabalhadora desses três estados-pêndulo foi fundamental para a vitória de Trump – especialmente homens brancos sem diploma superior e latinos. “Muitos eleitores disseram, “eu não tenho dinheiro para comprar carne” e ouviram dos democratas “vote pela democracia”, explica a cientista política da Shippensburg University.
Especialistas em política tentam explicar esse comportamento do eleitor: “Para muitos americanos, o ataque de 06/01/2019 ao Capitólio parece uma miragem distante. As pessoas estavam mais preocupadas com os preços no mercado do que com a democracia”, diz J.J. Balaban, um estrategista do Partido Democrata.
“Ter medo do fascismo é um luxo permitido apenas para quem tem uma situação econômica confortável”, sintetiza J.J Balaban. Alison concorda com o diagnóstico do estrategista democrata: “Bater na tecla da luta contra um fascista e ignorar a economia fez esse eleitor se sentir não ouvido e desvalorizado”.
Para Mike Mikus, também estrategista eleitoral dos Democratas na Pensilvânia, esse discurso soou condescendente para com o eleitor. “Por mais que os indicadores da economia parecessem bons, o consumidor não sentiu isso – especialmente na Pensilvânia, um dos estados que teve pior recuperação econômica no pós-pandemia”, declara.
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