“Vou pegar você”: PMs são afastados após forçarem crianças a cantar música de ódio

Atualizado em 22 de novembro de 2024 às 15:59
Estudantes de Colégio Militar em “corridão” da PM. Foto: reprodução

O diretor e todos os policiais envolvidos em um vídeo polêmico com alunos do Colégio Militar Euclides Bezerra Gerais foram afastados pelo governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos). Nas imagens gravadas em Paranã, no sul do estado, estudantes menores de idade aparecem marchando e entoando frases de teor violento, guiados por um policial militar.

A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado na noite de quinta-feira (21). A Polícia Militar e a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) confirmaram o afastamento dos envolvidos e a instauração de uma comissão para apurar o ocorrido. A Seduc declarou que o episódio foi um caso isolado e não reflete a proposta pedagógica das escolas cívico-militares.

O incidente ocorreu durante uma ação chamada “corridão”, realizada em uma palestra sobre combate à violência contra crianças e adolescentes. Nas imagens, alunos de 11 a 15 anos, do 6º ao 9º ano, aparecem repetindo versos como:

“Tu vai lembrar de mim
Sou taticano maldito
E vou pegar você
E se eu não te matar
Eu vou te prender
Vou invadir sua mente
Não vou deixar tu dormir
E nas infiltrações você vai lembrar de mim”

 

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Uma servidora da escola afirmou que a atividade foi conduzida pela equipe da Força Tática da Polícia Militar e que os estudantes foram retirados das salas para participar. Ela destacou que as frases entoadas eram violentas e inadequadas, sobretudo em um ambiente escolar.

O vídeo, amplamente compartilhado nas redes sociais, gerou críticas de especialistas em educação e da sociedade civil. Organizações ligadas à defesa dos direitos da criança e do adolescente questionaram a abordagem adotada, que, segundo elas, contraria princípios pedagógicos e promove a normalização da violência.

“O ambiente escolar deve ser um espaço de aprendizado e de promoção da paz, e não de incitação à violência”, declarou um representante do Conselho Estadual de Educação, que pediu anonimato.

O governo estadual reiterou que medidas serão tomadas para evitar a repetição de casos semelhantes. A comissão instaurada pela Seduc avaliará os responsáveis pela organização da atividade e as falhas que permitiram que o incidente ocorresse.

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