Como duas operadoras de telefonia facilitaram o plano para matar Moraes

Atualizado em 23 de novembro de 2024 às 8:54
Fachadas das lojas da Vivo e da Tim. Foto: reprodução

O plano de militares para assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), utilizou celulares pré-pagos cadastrados com dados de terceiros. A estratégia, denominada “anonimização”, foi viabilizada pela compra de chips das operadoras Vivo e TIM, que não exigem biometria, em descumprimento à norma da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), vigente desde 2021.

Segundo a Anatel, desde novembro de 2021, as operadoras devem adotar a identificação digital, que exige foto do dono da linha (selfie) e documento do comprador para validar a ativação do chip. Porém, o relatório da Polícia Federal (PF) revelou que as empresas não implementaram plenamente o processo, permitindo a execução do esquema fraudulento.

A tentativa de assassinato foi abortada em dezembro de 2022, mas o grupo militar já havia iniciado os preparativos semanas antes. Usando chips ativados com identidades roubadas, os conspiradores se comunicavam em um grupo chamado “Copa 2022”. Cada membro utilizava codinomes de países que disputaram o torneio, como “Japão”, “Áustria” e “Gana”.

Alvos da PF presos por planejar golpe e atentado contra Lula: Mário Fernandes, Rafael Martins de Oliveira, Hélio Ferreira Lima e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Foto: Reprodução

Entre os envolvidos, a investigação apontou os tenentes-coronéis Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Azevedo como os usuários dos codinomes “Japão” e “Áustria”, respectivamente. O general da reserva Mario Fernandes, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima e o policial federal Wladimir Matos Soares também foram identificados.

Um dos casos emblemáticos do esquema ocorreu em Alagoas, onde um chip foi ativado usando dados de uma vítima de acidente de trânsito. As identidades das vítimas foram coletadas em estados como Alagoas, Bahia e Minas Gerais, e os chips fraudulentos eram usados para garantir o anonimato do grupo.

A Anatel instaurou um procedimento administrativo para investigar o descumprimento da regra por parte das operadoras Vivo e TIM, que permitiram a fraude. A Claro, que exige biometria para ativação, não teve seus números utilizados no esquema.

As operadoras, por meio da Conexis Brasil Digital, afirmaram investir continuamente em segurança e prevenção de fraudes. Ambas empresas disponibilizaram um portal de consulta para que os clientes verifiquem se seus dados foram usados indevidamente.

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Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.