
Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF) sob a acusação de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados reagiram classificando a investigação como “perseguição política”.
O ex-capitão e sua base política buscaram minimizar as investigações que resultaram tanto no seu indiciamento quanto na prisão de militares acusados de planejar o assassinato do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre os defensores do ex-presidente estão seus filhos Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro, além do ex-ministro Walter Braga Netto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
Bolsonaro não poupou críticas a Moraes, acusando-o de agir de forma arbitrária. “É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, declarou.
Em discurso no sábado (23), ele classificou como absurda a prisão preventiva de quatro militares acusados de tramar a morte de autoridades e ridicularizou as acusações de golpe. “Vai dar golpe com um general da reserva e quatro oficiais superiores? Pelo amor de Deus. Quem estava coordenando isso? Cadê a tropa? Cadê as Forças Armadas? Não inventem chifre em cabeça de cavalo”, afirmou.
Reações de aliados
O senador Flávio Bolsonaro publicou vídeos nas redes sociais insinuando que o presidente Lula estaria influenciando as investigações. Em um deles, com mais de 100 mil visualizações no X, antigo Twitter, ele compartilhou trechos de uma entrevista na qual Lula afirmava que Bolsonaro “não tem nenhuma chance de voltar à Presidência da República.”
A narrativa não se sustenta de pé. Quatro pessoas, sozinhas, derrubariam a República e o restante do país todo iria obedecer a eles? pic.twitter.com/ZHTpdNsKBP
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) November 20, 2024
Eduardo Bolsonaro fez uma comparação entre seu pai e Donald Trump, sugerindo que, assim como o ex-presidente norte-americano voltou à política, Bolsonaro também retornará ao poder em 2026. “Como o Bolsonaro é muito forte, eles precisam derrotá-lo nos tribunais para impedir que ele politicamente dispute em 2026”, escreveu.
Carlos Bolsonaro, por sua vez, ironizou o inquérito, chamando-o de confuso e mal embasado. “Não faz sentido imaginar um golpe sendo tramado com uma proposta que depende de aprovação legal, análise do Congresso e de um conselho. Nem sequer mostraram sua elaboração”, argumentou.
Já o general Braga Netto, compartilhou um comunicado de seus advogados nas redes sociais dizendo haver uma ilação e suposição fora do contexto do inquérito legal. “Nunca se tratou de golpe, e muito menos de plano de assassinar alguém. Agora parte da imprensa surge com essa tese fantasiosa e absurda de ‘golpe dentro do golpe’. Haja criatividade…”, escreveu.
Nunca se tratou de golpe, e muito menos de plano de assassinar alguém.
Agora parte da imprensa surge com essa tese fantasiosa e absurda de “golpe dentro do golpe”.
Haja criatividade… pic.twitter.com/PdZalNu5ew— Braga Netto (@BragaNetto_gen) November 23, 2024
O governador Tarcísio de Freitas alegou que Bolsonaro está sendo alvo de acusações que carecem de provas, mas não apontou falhas específicas nas investigações. Ele afirmou que é necessário “ser responsável ao fazer acusações tão graves” e reiterou que, em sua visão, Bolsonaro respeitou o resultado das eleições.
Já o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho, afirmou que o indiciamento de Bolsonaro e de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, era previsível, considerando o que chamou de “perseguição política incessante”. “Estamos confiantes de que a verdade será restaurada e que as narrativas políticas desprovidas de evidências serão encerradas, fortalecendo nossa democracia”, declarou.
O senador Hamilton Mourão, ex-vice de Bolsonaro, descreveu o suposto plano golpista como “uma fanfarronada sem pé nem cabeça”. Ele enfatizou que um golpe só seria possível com amplo apoio das Forças Armadas, algo que, segundo ele, não aconteceu.
“Nós temos um grupo de militares, pequeno, a maioria militares da reserva, que em tese montaram um plano sem pé nem cabeça. Não consigo nem imaginar como uma tentativa de golpe. É importante que as pessoas compreendam que tentativa de golpe tem que ter o apoio expressivo das Forças Armadas”, disse.