O general da reserva Mário Fernandes, apontado pela Polícia Federal (PF) como o responsável pelo plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), afirmou em áudio ter sugerido ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) a troca do ministro da Defesa.
A ideia era substituir o general Paulo Sérgio Nogueira pelo general Braga Netto, apontado por fontes da PF como o principal arquiteto do plano golpista para manter Bolsonaro no poder.
“Ontem, falei com o presidente. Porra, cara, eu tava pensando aqui, sugeri o presidente até, porra, ele pensar em mudar de novo o MD [Ministério da Defesa], porra. Bota de novo o General Braga Netto lá. General Braga Netto tá indignado, porra, ele vai ter um apoio mais efetivo”, disse Fernandes a Marcelo Câmara, então assessor de Bolsonaro.
A conversa ocorreu no dia 10 de novembro de 2022, um dia após a presença de Fernandes no Palácio da Alvorada ser confirmada por registros obtidos pela PF.
Na época, Fernandes era secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência da República.
Durante a conversa, o general da reserva também demonstrou estar disposto a enfrentar as consequências de uma possível tentativa de golpe. “Reestrutura [o MD] de novo, porra. Ah, não, porra, aí vão alegar que eu tô mudando isso pra dar um golpe. Porra, negão. Qualquer solução, Caveira, tu sabe que ela não vai acontecer sem quebrar ovos, né, sem quebrar cristais. Então, meu amigo, parte pra cima, apoio popular é o que não falta”, afirmou.
Braga Netto assumiu a Casa Civil em fevereiro de 2020 e, em abril de 2021, foi nomeado ministro da Defesa. O general deixou a pasta em abril de 2022 para disputar a eleição como vice na chapa de Bolsonaro.