
O ex-presidente Jair Bolsonaro liderou a elaboração de plano golpista para se manter no poder no final de 2022, segundo a Polícia Federal. O relatório da investigação, obtido pelo DCM, aponta que a ruptura institucional não ocorreu por “circunstâncias alheias à sua vontade”.
O documento afirma que o ex-presidente, que foi indiciado pela Polícia Federal, “tinha plena consciência” e “participação ativa” na criação do plano criminoso.
“O então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”, diz o relatório.
A PF ainda aponta que o grupo golpista era “liderado” por Bolsonaro e que ele “criou, desenvolveu e disseminou” diversas fake news sobre a vulnerabilidade das urnas eletrônicas desde 2019. O objetivo seria justificar um golpe em caso de derrota nas eleições.
O relatório afirma que o então mandatário ainda “elaborou um decreto que previa uma ruptura institucional, impedindo a posse do governo legitimamente eleito” e tinha conhecimento sobre o plano para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Enquanto as medidas para ‘neutralizar’ o ministro Alexandre de Moraes estavam em andamento, o núcleo jurídico do grupo investigado finalizou o decreto que formalizaria a ruptura institucional, mediante a decretação de Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral e a instituição da Comissão de Regularidade Eleitoral”, prossegue o relatório.

O documento que previa o assassinato do trio, intitulado “Punhal Verde Amarelo”, foi impresso pelo general Mário Fernandes no Palácio o Planalto.
Bolsonaro e 36 aliados foram indiciados por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa na última quinta (21). As penas, somadas, podem chegar a 30 anos de prisão.
Mais cedo, em entrevista coletiva, Bolsonaro negou participação no planejamento e tentou minimizar a iniciativa. “Da minha parte, nunca houve discussão de golpe. Se alguém viesse discutir golpe comigo, eu ia falar, ‘tá, tudo bem, e o after day? E o dia seguinte, como é que fica? Como é que fica o mundo perante nós?’”, alegou.
O relatório da PF foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR) por Moraes nesta terça (26) e caberá agora a Paulo Gonet, chefe do órgão, decidir se denuncia o ex-presidente e os demais investigados.
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