
Na última sexta-feira (29), o procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, sinalizou que as denúncias contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 36 indiciados pela trama golpista não deverão ser encaminhadas de volta ao Supremo Tribunal Federal (STF) ainda em 2024. Indicado por Lula, ele afirmou que o caso é de “enorme complexidade” e foi apoiado por juristas como Pedro Serrano.
Nas redes sociais, Serrano ressaltou o tamanho do relatório que, com mais de 800 páginas, “deve ser recheado de detalhes e não pode ser objeto de leitura rápida e desavisada. Melhor um trabalho bem feito mesmo que demore um pouco mais, para que não haja erros ou injustiças”.
Em entrevista à CNN Brasil, Gonet destacou a complexidade da denúncia e das investigações, além de ressaltar que a gravidade dos fatos e o alto número de indiciados “exigem um estudo aprofundado”.
O PGR tem razão, o caso da tentativa de golpe é complexo, só o relatório da PF tem mais de 800 páginas , o inquérito deve ser recheado de detalhes , não pode ser objeto de leitura rápida e desavisada. Melhor um trabalho bem feito mesmo que demore um pouco mais , para que não haja…
— Pedro E. Serrano (@pedro_serrano1) November 29, 2024
A quantidade de indiciados também preocupa Serrano. Ao ser questionado por um seguidor que mencionou o risco de incidentes processuais ou falhas, o jurista afirmou que essa decisão dificulta a tramitação e transforma a ação em um processo muito lento, considerando que os juízes têm de ouvir 296 testemunhas de defesa, por exemplo, devido às 8 indicações de cada réu.
“Em geral, processos com muitos réus demoram demais e são muito sujeitos a incidentes, não é nada bom”, resumiu.
Acho que uma denúncia só contra 37 réus ou algo próximo a isso gerará um processo de difícil tramitação e muito lento ( no mínimo, por ex, 296 testemunhas de defesa) . Em geral processo com muitos réus demoram demais e são muito sujeitos a incidentes, não é nada bom
— Pedro E. Serrano (@pedro_serrano1) November 29, 2024
Ainda nas redes sociais, Pedro Serrano ironizou o desespero de aliados do ex-presidente após o indiciamento. Temendo a prisão de Bolsonaro, seus aliados criaram uma narrativa no exterior de que o Brasil estaria vivendo uma “ditadura” e que a extrema-direita estaria sendo perseguida. A aposta é que a volta de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos ajude a colocar pressão no Judiciário brasileiro e evite um desfecho negativo a bolsonaristas.
“Incrível essa crença que o apoio eventual de Trump apagará crimes graves. Lembra os tempos do império absolutista, que ao rei cabia o poder de tudo perdoar ou da verdade estabelecer (o soberano dita o sentido)”, escreveu Serrano.
Incrível essa crença que o apoio eventual de Trump apagará crimes graves. Lembra os tempos do império absolutista, que ao rei cabia o poder de tudo perdoar ou da verdade estabelecer( o soberano dita o sentido) .
— Pedro E. Serrano (@pedro_serrano1) November 30, 2024
Segundo a coluna de Jamil Chade no UOL, os aliados de Bolsonaro têm espalhado desinformação e sinalizado que vão desafiar a Justiça. Eles têm promovido encontros com movimentos políticos no exterior e disseminado documentos que comparam o governo brasileiro aos da Venezuela e da Nicarágua.
Uma das narrativas disseminadas pela extrema-direita, como a o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), é que as eleições no Brasil e na Venezuela possuem “suspeita de fraude”. Nos Estados Unidos, eles ainda tentam emplacar a ideia de que a “ditadura” no Brasil pode afetar os interesses estadunidenses no país.
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