A estratégia de Bolsonaro sobre militares envolvidos em trama golpista

Atualizado em 2 de dezembro de 2024 às 12:06
Jair Bolsonaro: a estratégia do ex-presidente é transferir responsabilidade da trama golpista para os militares. Foto: reprodução

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) tem adotado a estratégia de desvinculá-lo da trama golpista, colocando a responsabilidade sobre os militares, segundo avaliação de integrantes das Forças Armadas indiciados por envolvimento na tentativa de golpe, conforme informações do Blog da Andréia Sadi, do G1.

“Bolsonaro está rifando os militares”, afirmou um dos indiciados, reagindo diretamente às declarações do advogado do ex-presidente, Paulo Cunha Bueno, feitas na última sexta-feira (29) ao programa Estúdio i.

Durante a entrevista, Cunha Bueno afirmou que os principais beneficiados pelo golpe seriam os membros de uma junta militar prevista para ser formada após os assassinatos de Lula (PT), de seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

“Quem seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mário Fernandes [um dos indiciados], seria uma junta que seria criada após a ação do Plano Punhal Verde e Amarelo, e nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro”, disse o advogado.

A declaração de Cunha Bueno faz referência a um gabinete de crise planejado pelos envolvidos no golpe, que seria liderado pelos generais Braga Netto e Augusto Heleno, então ministros da Casa Civil e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Bolsonaro. Também fariam parte desse gabinete o general Mário Fernandes, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, além de outros civis e militares.

Apesar disso, alguns militares rejeitam a versão de que Bolsonaro, por não fazer parte diretamente do gabinete de crise, não seria beneficiado pelo golpe. Eles argumentam que o órgão seria criado para assessorar uma autoridade, no caso, Bolsonaro.

Além disso, ressaltam que seria improvável que os militares organizassem um golpe contra o ex-mandatário, já que a maioria acreditava no “projeto de país” defendido por ele.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Mário Fernandes, preso por planejar assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes. Foto: Reprodução