
O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Yong-hyun, anunciou sua renúncia nesta quarta-feira (4), um dia após o governo tentar, sem sucesso, implementar a lei marcial para lidar com supostas ameaças à segurança nacional.
A medida, amplamente criticada, gerou forte reação política e popular, uma vez que permitiria ações autoritárias como o fechamento do Congresso, o controle da imprensa e a proibição de reuniões públicas. O decreto provocou um clima de caos no país.
Kim, visto como figura central na elaboração do plano, está sendo acusado pela oposição de traição, um crime gravíssimo na Coreia do Sul, sujeito a penas que vão de prisão perpétua à execução. O ministro assumiu “total responsabilidade” pela polêmica e pediu desculpas à população pelos transtornos gerados.
“Em primeiro lugar, lamento profundamente e assumo total responsabilidade pela confusão e preocupação causadas ao povo em relação à lei marcial (…). Apresentei minha renúncia ao presidente”, afirmou Kim em um comunicado oficial.
A renúncia do ministro da Defesa ocorre horas após o chefe de gabinete da presidência e dez dos assessores do presidente Suk Yeol também terem entregado o cargo.
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Fontes da imprensa local indicam que Kim foi o responsável por propor a ideia da lei marcial a Yoon Suk-yeol, desempenhando um papel decisivo em sua tentativa de implementação. Apesar de ter apresentado sua renúncia, ele continua oficialmente no cargo até que o presidente tome uma decisão, mas sua permanência não exclui a possibilidade de punições mais severas.
A crise também resultou em uma moção de impeachment contra o ministro, proposta por parlamentares de oposição e até por alguns membros do partido governista, o Partido do Poder Popular, que está dividido após os acontecimentos recentes.
O caso ficou ainda mais grave com o pedido de abertura de uma investigação formal contra Kim, feito por membros do Partido Democrático, a maior sigla da oposição. A acusação de traição, caso aceita, pode levar a uma pena de prisão perpétua ou até mesmo à morte, reforçando o peso das decisões que ainda aguardam desdobramentos no governo e na Justiça.