Moro e Dallagnol fizeram conluio com suíços para destruir multinacional; entenda

Atualizado em 4 de dezembro de 2024 às 18:18
Deltan Dallagnol e Sergio Moro agiram em conluio contra empresa multinacional. Foto: reprodução

Conversas obtidas pela operação Spoofing, da Polícia Federal, revelam a troca de informações ilegais entre procuradores brasileiros, suíços e o então juiz e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), envolvendo a multinacional Trafigura, acusada de suborno em contratos de commodities. As mensagens, trocadas pelo aplicativo Telegram, ocorreram fora dos canais oficiais e abordavam suspeitas relacionadas à Petrobras e ao ex-diretor Mariano Marcondes Ferraz.

A Trafigura, que está sendo julgada na Suíça por pagar US$ 5 milhões em propinas para garantir contratos de petróleo em Angola, tornou-se alvo de apurações ainda em 2015, de acordo com informações obtidas pelo jornalista Jamil Chade, no Uol. No material coletado pela PF, haviam as seguintes anotações:

  • Os suíços têm interesse em descobrir se havia relações comerciais, de que tipo e com que frequência, entre
  • A) Petrobras e Tsakos Energy Navigation Ltd. (que tem como empresas “filhas”, subsidiárias: Elene Ltd., Spondi Ltd. e Brasil 2014 Special Maritime Enterprise);
  • B) Petrobras e Trafigura. O interesse deles é identificar possíveis causas de pagamento de propina e responder à questão do porque haveria pagamento de propina da Tsakos e Trafigura para a Petrobras. Querem, também, descobrir quem acordou os pagamentos.
Deltan Dallagnol e Sergio Moro durante sessão no Senado. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Na época, procuradores suíços relataram na embaixada em Brasília que investigavam denúncias sobre a empresa, mas enfrentavam dificuldade em reunir provas concretas. Dados enviados por procuradores brasileiros ajudaram a avançar na investigação.

Mensagens trocadas em 2016 mostram como procuradores brasileiros compartilharam, por telefone e aplicativos, informações sobre a relação entre a Petrobras e a Trafigura. Um dos focos era identificar a origem de pagamentos realizados pelo executivo Mariano Marcondes Ferraz, que supostamente utilizava contas na Suíça para repassar valores à Trafigura.

No mesmo ano, Dallagnol, então coordenador da Lava Jato, informou a Moro sobre a visita de Mariano ao Brasil, pedindo uma reunião urgente para discutir sua prisão preventiva. A resposta do ex-juiz foi: “Caro, precisamos de uma reunião urgente, antes ou logo após o almoço. Assunto: Mariano Marcondes Ferraz da Trafigura está no Brasil, embora more em Londres e quase nunca venha ao Brasil depois que ficaram públicos os relatos contra ele”.

A medida foi autorizada em menos de 24 horas. Posteriormente, os procuradores continuaram as trocas informais com Stefan Lenz, ex-procurador suíço, que mencionou dificuldades em determinar se Marcondes agia em nome da Trafigura ou da empresa italiana Decal.

Em 2018, o procurador Athayde Ribeiro Costa comentou que, embora houvesse suspeitas de propinas pagas pela Trafigura, as provas coletadas eram insuficientes para um indiciamento mais abrangente. Estratégias processuais, como a escolha de plantões judiciais favoráveis, também foram discutidas para apresentar denúncias.

O momento de apresentar o indiciamento foi combinado entre eles para tentar coincidir com um plantão da juíza Gabriela Hardt. “Acho ótimo se Gabriela não estiver em férias”, escreveu Deltan em 12 de outubro de 2018 a Athayde.

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