Frente ruralista defende apuração sobre “pessoal do agro” de trama golpista: “Atos isolados”

Atualizado em 16 de dezembro de 2024 às 8:04
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Walter Braga Netto, preso no último sábado (14) como parte das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. Foto: reprodução

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que representa 340 deputados federais e senadores, pediu neste domingo (15) urgência e rigor nas investigações sobre as suspeitas de que o “pessoal do agronegócio” tenha financiado uma tentativa de golpe em 2022. A bancada enfatizou que “ações isoladas” não podem prejudicar a imagem do setor. Com informações da Folha de S.paulo.

Em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal), em 21 de novembro, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que o general Walter Braga Netto entregou dinheiro obtido “junto ao pessoal do agronegócio”.

A declaração foi citada na decisão que determinou a prisão preventiva de Braga Netto, realizada no sábado (14). Segundo Cid, o dinheiro em espécie foi entregue a um militar investigado em uma sacola de vinho, mas as investigações ainda não detalham a origem exata dos recursos.

A FPA, que lidera a bancada ruralista no Congresso, defendeu que “os responsáveis sejam identificados e punidos com o máximo rigor da lei, independentemente da atividade econômica de eventuais envolvidos”. A Frente também destacou a importância de não permitir que ações individuais afetem a reputação de todo o setor.

“É inadmissível que ações isoladas sejam usadas para generalizar e comprometer a imagem de um setor econômico composto por mais de 6 milhões de produtores e que desempenha papel fundamental no desenvolvimento do país”, afirmou. A bancada ainda cobrou que as investigações sejam conduzidas “de forma legal, transparente, equilibrada e em estrita observância ao que determina a Constituição Federal”.

De acordo com os documentos do STF, o tenente-coronel Rafael de Oliveira teria recebido dinheiro em espécie de Braga Netto, guardado em uma sacola de vinho, para “realização da operação”. Segundo a delação de Mauro Cid, os valores teriam sido obtidos com o “pessoal do agronegócio”.

Paralelamente, documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) já haviam apontado a participação de produtores rurais em atos antidemocráticos, incluindo bloqueios de rodovias após a derrota de Jair Bolsonaro para o presidente (PT) nas eleições de 2022.

A Abin detalhou que o Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA), formado por produtores rurais, esteve envolvido em ações para contestar os resultados das eleições. Segundo o relatório, o grupo financiou o transporte de manifestantes e apoiou ações extremistas, como os ataques de 8 de janeiro.

Jair Bolsonaro (PL) participa de visita de demonstração do 5G AGRO, na Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens). Foto: Danilo Verpa