
O coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino, braço direito do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto e alvo de mandados de busca e apreensão na operação que resultou na prisão dele, está sendo apontado por membros da atual cúpula do Exército como um dos responsáveis pela propagação de desinformação entre a militância bolsonarista.
Peregrino, segundo fontes do Alto Comando do Exército, teria difamado generais que se recusaram a aderir aos planos golpistas para impedir a posse do presidente Lula. De acordo com informações de oficiais do Quartel-General do Exército, Peregrino atuava como informante do comentarista e influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo Filho.
Figueiredo, neto do ex-presidente e último ditador do regime militar, João Batista Figueiredo, foi um dos principais responsáveis por espalhar a narrativa de que os “generais melancia” – termo usado para descrever oficiais do Exército que seriam progressistas apesar de estarem na ativa – não teriam atendido ao pedido de intervenção militar para manter Jair Bolsonaro no poder, após sua derrota nas eleições.
Ele também foi indiciado pela Polícia Federal no âmbito da investigação sobre a tentativa de impedir a posse de Lula, com envolvimento em manifestações golpistas.
Paulo Figueiredo Filho também usou a rádio Jovem Pan para divulgar um manifesto golpista de militares da ativa e para atacar membros do Alto Comando do Exército, como os generais Tomás Paiva, Richard Nunes, Valério Stumpf, Fernando Soares e Marco Antonio Freire Gomes.

Esses generais, que rejeitam a acusação de que teriam simpatias esquerdistas, se posicionaram firmemente em defesa da Constituição e contra qualquer tentativa de golpe. No entanto, a investigação revelou que pelo menos um membro do Alto Comando, o general Estevam Teophilo, teria se mostrado disposto a participar de uma ruptura institucional, o que ele nega.
A falta de apoio externo, especialmente dos Estados Unidos, também é apontada como um fator que impediu qualquer ação golpista, apesar do descontentamento de alguns militares com a condução do processo eleitoral e o resultado das urnas.
Procurado pela reportagem, Flávio Peregrino inicialmente não quis se manifestar, mas posteriormente afirmou que as acusações contra ele são “levianas” e feitas “no anonimato”. Ele negou ter qualquer tipo de contato com Paulo Figueiredo Filho e reafirmou que sua carreira no Exército é “exemplar”, destacando a aprovação de seus superiores, pares e subordinados ao longo de sua trajetória.
Apesar de ter sido alvo de busca e apreensão, Peregrino ainda não foi indiciado ou citado oficialmente no inquérito que investiga os atos golpistas relacionados ao processo eleitoral de 2022. O caso segue sendo investigado pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) e outras forças de segurança.
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