PM combinou defesa com mulher de major preso no 8/1; ouça a ligação

Atualizado em 27 de dezembro de 2024 às 12:43
A tenente-coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Kelly Cezário. Foto: reprodução

O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) investiga uma ligação entre a tenente-coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Kelly Cezário, e a esposa do major Flávio Silvestre de Alencar. Na conversa, Kelly sugere que Flávio e outros dois oficiais da PMDF deveriam adotar “a mesma linha de defesa” em relação aos atos terroristas de 8 de janeiro.

Durante o telefonema, Kelly orienta a esposa de Flávio a intermediar um contato entre os advogados do major e os defensores do então comandante-geral da PMDF, coronel Fábio Augusto Vieira, e do capitão Josiel Pereira César, conforme reportagem do Metrópoles.

“Qual a ideia? É você colocar a advogada do capitão Josiel e o advogado do coronel Fábio Augusto para vocês fazerem uma mesma linha de defesa, entendeu? Porque é uma história só”, afirmou Kelly. E completou: “É muito importante porque a história de vocês converge, né? Para depois não ter ruído, na hora de dar as declarações.”

Na época dos atos golpistas, Kelly, que era comandante do batalhão responsável pela Esplanada dos Ministérios, estava de férias e, por isso, não participou diretamente das operações. O major Flávio Alencar assumiu o comando da tropa quando os ataques às sedes dos Três Poderes começaram. Mesmo assim, Kelly não foi incluída como ré na ação penal que apura possíveis omissões da PMDF durante o episódio.

Flávio e Fábio Augusto, no entanto, chegaram a ser presos, juntamente com outros integrantes do alto escalão da PMDF. Atualmente, todos aguardam o desenrolar do processo em liberdade, sob medidas cautelares.

Na última quinta-feira (26), a 3ª Promotoria de Justiça Militar do MPDFT solicitou a abertura de um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar o teor da ligação de Kelly com a esposa do major Flávio.

Em nota, a Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal confirmou o recebimento do ofício e anunciou o registro do caso. “Será instaurado Inquérito Policial Militar (IPM) para apuração dos fatos narrados”, informou a corporação.

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Agentes da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) durante os atos terroristas promovidos por bolsonaristas em Brasília. Foto: reprodução