PF: policiais presos por corrupção e envolvimento com PCC em SP teriam vantagem com vitória de Tarcísio

Atualizado em 28 de dezembro de 2024 às 20:29
Os policiais Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, e Eduardo Lopes Monteiro: diálogos interceptados pela Polícia Federal revelam conversas secretas de policiais presos. Foto: reprodução

Conversas interceptadas pela Polícia Federal (PF) revelam os bastidores da corrupção envolvendo policiais civis de São Paulo, presos por suas relações com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e com Vinícius Gritzbach, delator do PCC, assassinado no Aeroporto Internacional de São Paulo.

Segundo a transcrição obtida pelo Metrópoles, os diálogos entre os policiais Valdenir Paulo de Almeida, conhecido como Xixo, e Eduardo Lopes Monteiro expõem desde a expectativa de benefícios com a vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos) até o recebimento de relógios de luxo extorquidos de Gritzbach.

O delator do PCC foi executado a tiros de fuzil em 8 de novembro no Aeroporto Internacional de São Paulo. Dias antes, ele havia firmado delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), revelando nomes e provas que demonstravam a relação próxima entre policiais civis e a maior facção criminosa do país.

Xixo foi preso em setembro, junto com o também policial civil Valmir Pinheiro, conhecido como Bolsonaro. Eduardo Monteiro, chefe de investigações, foi detido no dia 17 de dezembro, acompanhado de outros três policiais, entre eles o delegado Fábio Baena, com quem trabalhava no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

A denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) aponta que todos estão envolvidos em crimes como homicídio, lavagem de dinheiro e corrupção.

Gritzbach

Em uma conversa interceptada no dia 20 de setembro de 2022, Eduardo Monteiro marcou um encontro com Xixo às 15h, antes de Xixo visitar o “amigo” identificado como Gritzbach pela PF.

Durante a visita, Xixo comentou que “o alvo [Gritzbach] tá mandando um abraço” para Monteiro, que respondeu enviando imagens de dois relógios de luxo das marcas Rolex e Hublot. Monteiro então cobrou insistentemente o retorno de Xixo à casa do corretor para buscar um dos relógios.

Em 27 de setembro de 2022, Xixo garantiu que Gritzbach estava ciente da demanda e que se encontraria com ele no dia seguinte. No entanto, uma operação policial e um resfriado de Gritzbach atrasaram a reunião.

“Para nós, é melhor o Tarcísio”

Durante esse período, os policiais discutiram as eleições estaduais, com Xixo afirmando: “Para nós, é melhor o Tarcísio”. Monteiro concordou e perguntou: “Podia colar um amigo, né? Como DG [delegado geral]”.

Em resposta, Xixo reforçou: “É, o Tarcísio acho que vai ganhar. Para nós, é melhor o Tarcísio”. Monteiro acrescentou: “O delegado geral pode ser um delegado amigo, né? Amigo nosso, né? Chega de ser amigo dos outros, tem que ser amigo nosso, colado em nós”.

Os relógios

Nos dias seguintes, Eduardo Monteiro continuou cobrando Xixo sobre os relógios. Em uma mensagem, Monteiro enviou novamente as fotos dos itens e escreveu: “Cadê? E aí, maloca, dá atenção na empresa [missão], mano. Dá atenção na empresa, viado. Dá atenção na empresa! Já falei, se tiver com dó [do Gritzbach], deixa quieto o bagulho”. Xixo tentou tranquilizá-lo, garantindo que “[o corretor] falou que vai te dar, para você escolher um dos três. Pode escolher”.

Diálogos entre Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, e Eduardo Lopes Monteiro. Foto: reprodução
Trocas de informações sobre Gritzbach entre Xixo e Eduardo. Foto: reprodução
Trocas de mensagens sobre os relógios de Gritzbach. Foto: reprodução

Segundo a PF, Eduardo Monteiro, o delegado Fábio Baena e Rogério de Almeida Felício, conhecido como Rogerinho, roubaram outros relógios de luxo de Gritzbach durante o cumprimento de um mandado de busca em um dos imóveis do corretor.

Todos são investigados pela PF e pelo Gaeco por participação em uma quadrilha envolvida em homicídios, lavagem de dinheiro, crimes contra a administração pública e outras atividades ilícitas graves.

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