Dono da Atlas/Intel sugere que denúncia contra Bolsonaro foi encomendada por Lula

Atualizado em 19 de fevereiro de 2025 às 17:21
Andrei Roman, CEO da Atlas Intel

Andrei Roman, CEO do Atlas Intel, instituto de pesquisas, insinuou em postagem no X que a denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro foi divulgada para favorecer o governo Lula em tempos de baixa popularidade.

Ainda ameaça com a teoria de que a pressão dos Estados Unidos, com Donald Trump, abalará a democracia brasileira. Vou manter os erros de português dele em nome da autenticidade dessa estupidez.

“Acho bastante problemático que a denúncia de golpe de estado contra Bolsonaro chega em um momento de queda livre de popularidade do governo Lula e de crise de confiança nas instituições. Sim, é possível que isso segure na margem a queda de aprovação do presidente. Mas um cenário alternativo também é possível: a impopularidade do governo pode mover a opinião pública em contra da denúncia”, escreveu.

“De um jeito ou outro, a impacto para a democracia é ruim: os ataques anti-democráticos de um ex-presidente não deveriam servir como tábua de salvação para um governo que não atinge seus objetivos no presente; e, pensando na direção oposta, a impopularidade do governo não deveria servir de barreira contra uma justa aplicação da lei. Há algo pior que isso? Provavelmente sim: jogar tudo abaixo do tapete e deixar a impunidade reinar”.

Ele continua: “De qualquer forma, tenho grandes dúvidas que ao fim deste processo todo a democracia brasileira sairá mais forte ou que o eleitorado saberá reagir de forma sábia. E tudo isso sem sequer pensar na pressão externa oriunda dos EUA, que não tardará em aparecer complicando mais ainda o nosso cenário. Estamos vivendo tempos estranhos”.

Donos de institutos de pesquisas viraram comentaristas políticos. Não bastasse Felipe Nunes, da Quaest, na GloboNews, surge mais um querendo holofotes. Felipe Nunes, aliás, é o mesmo que lançou um livro sobre — tcharã — “polarização”.

Eles não deveriam “achar” nada na posição em que atuam. Chama-se conflito de interesses.

A democracia brasileira sairá mais forte na medida em que golpistas forem punidos. É simples assim. Eis a lição da anistia aos assassinos do golpe de 64: eles voltaram, e com seus cúmplices que pediam “pacificação”.

O Atlas Intel opera em diversos países da América Latina, como México e Argentina, além dos Estados Unidos. No Brasil, não é filiado à Associação Brasileira das Empresas de Pesquisas (Abep). Os levantamentos realizados são financiados por grupos como Bloomberg, entre outros.

A mídia amiga gosta do Atlas/Intel. Ao invés de entrevistas presenciais ou por telefone, a empresa compra anúncios online e pede para as pessoas responderem suas enquetes. Depois aplica “alguns algoritmos” para corrigir eventuais vieses.

Erraram feio na corrida pela prefeitura de São Paulo, dando uma liderança folgada para Guilherme Boulos. 

Andrei Roman é romeno, estudou na Universidade de Harvard e foi criador da plataforma Atlas Político antes de fundar a Atlas Intel com o marido Thiago Costa. A Romênia teve um ditador fuzilado junto à mulher. Nicolae Ceausescu foi executado com Elena no Natal de 1989, após 24 anos no poder.

Talvez Roman tenha achado inapropriado, também. Ele fará uma pesquisa para dar a resposta que quer.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.