
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) citou o ministro da Defesa, José Múcio, na manifestação apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a acusação de que o ex-mandatário participou da tentativa de golpe de Estado. O documento foi enviado nesta quinta-feira (6).
Os advogados citaram a entrevista do ministro de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que confirma que Bolsonaro nunca teve essa intenção.
“Em recente entrevista ao programa Roda Viva, o atual Ministro da Defesa, JOSÉ MÚCIO MONTEIRO FILHO, foi taxativo ao afirmar que, no início de dezembro de 2022, já havia sido escolhido pelo Presidente Lula para o cargo no Ministério da Defesa”, disse o advogado de Bolsonaro, Celso Villardi.

“O Ministro conta que estava enfrentando dificuldades para ser recebido pelos comandantes militares naquele momento, ainda no começo de dezembro de 2022, e diz que foi pedir a ajuda do peticionário para uma transição tranquila. E o que faz o peticionário [Bolsonaro]? Segundo o Ministro da Defesa, o peticionário imediatamente telefonou aos 3 comandantes das Forças Armadas, e contribuiu para uma transição tranquila. O Ministro registra que foi recebido pelos comandantes, e que inclusive abriu-se espaço para que o Comando do Exército, principal força militar brasileira, fosse transmitido antes da posse do Presidente Lula”, acrescentou.
Além disso, Villardi questionou a competência da Primeira Turma do STF para julgar o ex-presidente e argumentou que a Polícia Federal (PF) teria realizado pesca de provas contra ele.
Na peça, a defesa de Bolsonaro também afirmou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) desconsiderou declarações feitas na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-mandatário, que, segundo a defesa, enfraquecem a tese de golpe.
Segundo a defesa, se “não bastasse ter mentido” na delação, “Mauro Cid também faltou com o dever de sigilo previsto” em seu acordo de colaboração.