
A decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de não comparecer ao segundo dia do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STDF) que o tornou réu por tentativa de golpe de Estado gerou divergências entre seus principais conselheiros. Enquanto alguns avaliaram que sua presença no primeiro dia já havia sido suficiente para demonstrar disposição de enfrentar o processo, outros consideraram que ele perdeu uma oportunidade de reforçar sua imagem de resistência perante a base aliada.
No primeiro dia, Bolsonaro esteve presente no STF, enviando, segundo assessores, a mensagem de que não fugiria do país e respeitaria as regras do jogo jurídico.
Porém, a ausência no segundo dia, quando a aceitação da denúncia já era esperada, foi vista por parte de sua equipe como uma falha estratégica. Ao jornalista Octavio Guedes, da GloboNews, um auxiliar chegou a comparar com a postura de Donald Trump, afirmando que “faltou o ‘fight’ de Trump”, referindo-se ao gesto feito após ele ser atingido por um tiro de raspão durante um discurso durante a campanha presidencial.

As críticas mais contundentes vieram de Paulo Figueiredo, também réu no processo e neto do ex-presidente João Figueiredo, o último da ditadora militar. Atualmente foragido nos EUA e impedido de se comunicar diretamente com Bolsonaro devido às restrições do inquérito, o neto de ditador não poupou palavras em publicações no X e em seu canal no YouTube.
“Ele me resolve, do nada, no dia [do julgamento] não ir. Passa [imagem] do comportamento de covarde e errático. Vai isolado para o gabinete do Flávio e deixa a Damares postar uma foto dele com cara de choro pedindo orações. É o contrário da força. Daí sai [do gabinete] e dá aquela coletiva falando um monte de ladainha”, reclamou.
Figueiredo, que acompanhou de perto a estratégia de Trump nos EUA, defendeu que Bolsonaro deveria ter seguido o exemplo do republicano, adotando postura de “firmeza, coragem e enfrentamento”. Para ele, o ex-presidente brasileiro perdeu a chance de dominar o notciário com uma resposta contundente no segundo dia de julgamento.
Entre os conselheiros de Bolsonaro, havia um plano para uma coletiva de imprensa breve, de cerca de 15 minutos, em frente ao STF no segundo dia.
A ideia era que ele tivesse a última palavra, reforçando uma imagem de resistência, estratégia semelhante à adotada por Trump em seus embates judiciais. Contudo, Bolsonaro optou por não comparecer e, em vez disso, foi filmado chorando durante oração conduzida pela senadora Damares Alves, cena seguida por uma coletiva considerada confusa por parte da equipe.
A ausência no segundo dia de julgamento acirrou as divergências entre aliados sobre qual deve ser a postura diante do processo. Enquanto uns defendem tom mais combativo, outros acreditam que a estratégia atual – de evitar provocações diretas ao STF – é a mais adequada para prevenir medidas judiciais mais duras.
Com a denúncia aceita, o caso segue para fase de instrução, com oitiva de testemunhas e análise de novas provas.
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