Jovem negro é acusado injustamente de furto e linchado em SP

Atualizado em 27 de março de 2025 às 22:39
Câmera de segurança registra o momento em que o publicitário Yuri Cavalcante é agredido. Foto: Reprodução

O publicitário Yuri Cavalcante, de 24 anos, foi linchado na manhã do último sábado (22), na zona norte de São Paulo, após ser acusado injustamente de furto. As informações são do portal Ponte Jornalismo.

O jovem, que é negro, estava a poucos metros de sua casa, na Avenida General Ataliba Leonel, quando foi abordado por um motorista que encostou o carro junto à calçada. O condutor do veículo desceu e apontou uma arma de fogo para a vítima.

“Não corre, senão eu vou atirar”, disse o motorista.

Assustado e pensando que se tratava de um assalto, Yuri correu ainda assim. Ele foi perseguido pelo carro enquanto gritava por socorro. O jovem até jogou o celular e a bolsa no chão para que o suposto assaltante ficasse com seus pertences.

Yuri voltava de uma festa no centro da cidade, após desembarcar na estação do metrô Parada Inglesa.

A vítima foi alcançada em frente ao condomínio onde mora por outro homem que o perseguia a pé, Matheus Sampaio, que o derrubou e o agrediu com socos.

O carro da perseguição chegou pouco depois. Felipe dos Santos Antônio, segurança de um bar na avenida Luiz Dumont Villares, e Ellen Wirth Ribeiro Auada, cliente do estabelecimento, desceram do veículo e continuaram agredindo Yuri.

Surgiu também um amigo de Ellen, Rhamon Máximo da Fonseca Alves. A agressão foi registrada por uma câmera de segurança.

Segundo a vítima, os agressores afirmavam que ele havia roubado o celular de Ellen. “O segurança desceu do carro com a arma apontada para mim, perguntando: ‘Cadê o celular?’. Eu dizia: ‘Eu já entreguei, já entreguei’. Tive certeza de que ia morrer, foi horrível. Aí apaguei”, contou Yuri à Ponte Jornalismo.

O jovem, que ficou desacordado por um momento após um chute na cabeça, recobrou a consciência quando policiais militares de uma base próxima chegaram ao local. Só então Yuri soube que estava sendo acusado de furto.

Jovem negro é agredido em São Paulo. Foto: Reprodução

O publicitário destacou que os PMs foram compreensivos com sua condição de vítima e perguntaram se ele gostaria de receber atendimento médico. Yuri afirmou que preferiu ir à delegacia por medo de que a versão dos agressores prevalecesse.

“Eu quis falar com o delegado, estar presente, falar onde eu estava, para que nenhuma injustiça ocorresse, porque, a gente sabe, eu sou uma pessoa negra e estava sendo acusado de furto, então até tive sorte pelo delegado que estava lá e pelos policiais que me atenderam”, afirmou Yuri, que acrescentou compreender que foi vítima de racismo.

O caso foi registrado no 13º Distrito Policial, no bairro Casa Verde.

Dois dos agressores de Yuri eram negros.

Na delegacia, Ellen não recuou da falsa acusação. “Elas ficavam nos provocando. Falavam que tinham parentes na Corregedoria, na tentativa de intimidar os policiais. Falavam nomes de criminosos: ‘liga para o Marcola, liga para ele’”, relatou o publicitário.

Ellen afirmou à polícia que teria recebido uma suposta localização do aparelho furtado com a indicação de que estaria na mesma avenida em que Yuri foi linchado.

Felipe, que depôs na condição de testemunha, negou que tivesse uma arma e disse portar, na verdade, uma lanterna. Rhamon também foi à delegacia. Já Matheus fugiu do local antes da chegada da polícia.

Yuri teve múltiplas lesões traumáticas no rosto e no crânio, conforme apontado no laudo médico do pronto-socorro que o atendeu após ter passado pela delegacia. A vítima teve também escoriações nos joelhos.

Veja o vídeo:

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