Fióti sobre disputa com Emicida: ‘Patrimônio construído com suor, sangue, história e legado negro’

Atualizado em 6 de abril de 2025 às 23:52
Fióti e Emicida. Foto: Reprodução

A briga entre os irmãos Emicida e Evandro Fióti abalou o rap nacional e escancarou um conflito que vinha sendo guardado há anos. Em entrevista ao Fantástico, neste domingo (6), Fióti falou pela primeira vez sobre o rompimento com o irmão e sócio na Laboratório Fantasma, negou ter feito saques indevidos e afirmou que a crise entre os dois começou há muito tempo. “Quando eu percebi que existia um distanciamento entre nós, foi ali mais ou menos entre 2017 e 2018”, disse.

A ruptura veio a público no dia 28 de março, quando Emicida divulgou uma nota informando que Fióti não representava mais seus interesses artísticos. No mesmo dia, Evandro anunciou o início de uma nova fase profissional. “Eu tenho muita saudade do Leandro que se emocionava quando eu tocava violão. Aquela foi a energia que possibilitou que a nossa família construísse uma empresa para impulsionar os nossos sonhos”, afirmou.

O conflito ganhou contornos jurídicos após a acusação de que Fióti teria feito transferências no valor de 6 milhões sem o conhecimento do irmão. Ele nega. “Não, não fiz. Todas as transferências para ambos os sócios e a divisão de lucros desses 16 anos sempre foram feitas seguindo os ritos de governança da área administrativa e financeira. Eu não trabalhei de maneira antiética em nenhuma vez da minha vida”.

Irmãos Emicida e Fióti: Fióti quebra o silêncio sobre briga. Foto: Reprodução

A Laboratório Fantasma foi criada pelos irmãos em 2010. Em 2014, houve uma mudança no contrato que deu 90% da empresa a Emicida e 10% a Fióti. Ainda assim, os dois seguiram como sócios, com retirada mensal combinada. “Dinheiro nunca foi o que me mobilizou. Desde a época que eu era servente de pedreiro, desde a época que eu fui líder em uma rede de fast-food. O que me mobiliza é o que eu quero construir. E na Laboratório Fantasma nunca foi diferente disso”.

Em dezembro, os dois firmaram um acordo para repartição de bens, mas Emicida teria se surpreendido com algumas transferências feitas por Fióti. “Ele foi avisado [da transferência]. Existe um e-mail dentro dos nossos e-mails institucionais e corporativos, existem evidências disso internamente, de que ele sabia”, garantiu. Um vídeo divulgado pela imprensa mostra Emicida concordando com os saques, mas a defesa do rapper alega que a gravação foi tirada de contexto.

“Eu espero que amanhã, segunda-feira, a gente consiga, primeiro de tudo resolver isso dentro de casa, com os poderes reestabelecidos em uma sociedade que é 50% e 50%. Conosco conduzindo esta situação com ética, de boa-fé juntos, de profissionais de advocacia que respeitem o que é um patrimônio construído com suor, sangue, história e legado negro”, afirmou Fióti ao fim da entrevista.

Emicida preferiu não gravar entrevista, mas divulgou uma nota dizendo que foi surpreendido pelo processo movido pelo irmão durante uma tentativa de negociação amigável. “Estou muito triste de ter que passar por tudo isso. Não quero e não vou espetacularizar essa situação, minha família, que eu amo tanto. Peço que meus fãs, amigos e parceiros compreendam este momento difícil. Deixarei que os advogados tratem do assunto daqui pra frente e torço para que nada disso precise continuar acontecendo”.