Desde que assumiu o governo de São Paulo, em janeiro de 2023, Tarcísio de Freitas (Republicanos) já registrou 426 mil prisões e apreensões de menores de idade no estado, uma média superior a 500 por dia, ou uma detenção a cada três minutos. Os dados, fornecidos pelo próprio governo estadual, mostram que 2024 teve o maior número de prisões dos últimos cinco anos, com 166 mil casos.
Apesar do volume recorde de prisões, os números da segurança pública em São Paulo apresentam um cenário contraditório. Crimes aumentaram nos últimos meses, sendo: estupro (7,5%), latrocínio (5,8%) e tentativa de homicídio (14,3%). Os dados de janeiro de 2025, divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, mostram ainda que os feminicídios se mantiveram estáveis (22 casos) e os homicídios dolosos permaneceram no menor nível da série histórica (215 casos).
Tarcísio tem sido um crítico aberto do sistema de audiências de custódia e do Judiciário. “A gente tem que aumentar o risco do crime, porque o cara que é habitual, que é reincidente, ele não pode se beneficiar de uma audiência de custódia, ele não pode prender a mesma pessoa 16, 17 vezes pelo mesmo delito”, afirmou o governador.
As declarações ganharam força após o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmar que a polícia “prende mal” e que o Judiciário precisa soltar detidos quando não há provas suficientes.
Especialistas em segurança pública alertam para os números preocupantes. Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, avalia que os dados acendem um “sinal vermelho”.
“Os números são preocupantes no geral. Considerando o grande volume de casos, o crescimento dos homicídios no trânsito, das lesões seguidas de mortes e dos estupros, os números acendem um sinal vermelho em relação à capacidade da política estadual de segurança pública em garantir paz para os paulistas. É preciso rever prioridades e objetivos”, afirmou.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública destacou as ações do governo para combater a criminalidade, incluindo o aumento em 80% das salas de Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) para atendimento por videoconferência.
A pasta também ressaltou a queda em homicídios dolosos (2,9%), latrocínios (7,1%), furtos (3,7%) e roubos (14,9%), atribuindo os resultados ao “reforço no efetivo policial, investimentos em equipamentos e o uso de tecnologia e inteligência nas operações”.
O coronel reformado da PM José Vicente da Silva Filho aponta outro problema: a diferença de tratamento entre as polícias Militar e Civil. “Entendo que há um grande descompasso entre o desenvolvimento da PM nos últimos 25 anos e a fragilidade investigativa da PC que pouco evoluiu nesse período, reduzindo as melhores possibilidades de resultados”, criticou.
Ele também questionou a estratégia repressiva adotada: “Sou crítico da política de segurança, calcada na estratégia repressiva que resultaram em numero expressivo de mortes, incluindo PMs. Relatório de serviços feitos precisam ser relacionados a resultados; se resultados não são positivos os esforços foram ineficazes”.
Veja a alta nos crimes violentos no estado:
Homicídio doloso no trânsito (vítimas):
- 2023: 10
- 2024: 16
- alta de 60%
Homicídio culposo no trânsito:
- 2023: 3179
- 2024: 3525
- alta de 11%
Lesão corporal seguida de morte:
- 2023: 66
- 2024: 103
- alta de 56%
Lesão corporal dolosa:
- 2023: 119.701
- 2024: 126.289
- alta de 5%
Lesão corporal culposa por acidentes de trânsito:
- 2023: 57.291
- 2024: 61.638
- alta de 7%
Latrocínio (vítimas):
- 2023: 135
- 2024: 148
- alta de 10%
Estupro:
- 2023: 12.079
- 2024: 12.319
- alta de 2%
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