
Após o cancelamento de quatro shows da banda Ira! por conflitos com apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, uma produtora foi na contramão e manteve a apresentação do grupo em Porto Alegre, no início de novembro.
Em tom irônico, a Trilha Entretenimento publicou nas redes sociais um comunicado para confirmar o evento, ironizando os bolsonaristas e a produtora 3LM Entretenimento, que cancelou apresentações do grupo em Jaraguá do Sul, Blumenau, Caxias do Sul e Pelotas. O estopim foi a fala do vocalista Nasi, durante um show em Contagem (MG), em que gritou “sem anistia” — referência ao julgamento dos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.
“Devido aos últimos acontecimentos envolvendo a banda Ira!, não temos outra alternativa a não ser comunicar que o show ‘Ira! Acústico 20 anos’ programado para o dia 8 de novembro, no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, irá ocorrer normalmente (e a previsão é de casa cheia, viu)”, diz a publicação, que emula a nota da 3LM.
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A publicação ainda reforça o sucesso do álbum Acústico MTV: Ira!, um dos mais vendidos da história do Brasil, com cerca de 1 milhão de cópias comercializadas. Segundo a empresa, os ingressos restantes estão sendo vendidos rapidamente. “Aos mais de 1.500 fãs do Ira! que já garantiram presença, nosso muito obrigado”, completou a nota.
No show em que foi vaiado pelos bolsonaristas, Nasi respondeu diretamente ao público: “Se tem gente que acompanha a gente e é reacionário ou bolsonarista, saibam que isso não tem nada a ver. Por favor, vão embora da nossa vida. Não apareçam mais em shows e não comprem discos”.
Rapaz, meia dúzia de bolsonaristas passaram aquela VERGONHA durante o show do IRA em Contagem. Eles vaiaram a banda após o vocalista Nasi gritar ‘Sem anistia!’: “Vão embora e não voltem mais aos nossos shows. Não comprem nossos discos. Não apareçam mais. É um pedido que faço a… pic.twitter.com/9Og4rcUXAX
— Lázaro Rosa ?? (@lazarorosa25) April 2, 2025
Em entrevista à Billboard Brasil, o vocalista afirmou que os cancelamentos foram decididos de forma tranquila. “O melhor era postergar as datas a fim de contornar o bombardeio desses fascistas”, disse.
Já ao DCM, o músico afirmou que não se arrepende do discurso, mas reconhece que poderia ter feito a crítica de outra forma para não incluir todos os eleitores de direita: “Fui procurado por centenas de pessoas — conservadores, liberais, de uma direita racional — que acompanham nosso trabalho. O recado não era para elas”.
Apesar do episódio, Nasi relatou que o clima no pós-show foi pacífico, com fãs buscando autógrafos e fotos com a banda. “Não expulsei ninguém. Mas deixei claro: se alguém compartilha de pensamentos extremistas, que deixe de consumir a nossa música. Eu não quero ver um reacionário vestindo a camiseta do Ira!”.
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