
Se o próprio não tivesse dito era difícil acreditar: durante participação na Brazil Conference, realizada em Harvard e no MIT, o economista Armínio Fraga defendeu congelar o salário mínimo em termos reais por seis anos no Brasil.
A fala do ex-presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique, período em que o mínimo flutuava na casa dos 100 dólares, algo em torno de R$ 580,00, repercutiu negativamente entre setores que apontam a medida como um ataque direto aos trabalhadores mais pobres, que já enfrentam dificuldades em manter o poder de compra diante da inflação e da precarização do trabalho.
Segundo Fraga, o país precisa de um forte ajuste fiscal, e o aumento do salário mínimo acima da inflação estaria entre os principais obstáculos.
“Seria necessário congelar o salário mínimo em termos reais por seis anos”, disse ele, ao defender que esse congelamento ajudaria a conter os gastos públicos, principalmente com previdência. A proposta contraria a política atual, que prevê ganho real anual de até 2,5%, e também uma das principais promessas de campanha do presidente Lula.
A justificativa de Fraga se baseia no argumento de que a maior parte das despesas públicas brasileiras está comprometida com previdência e folha de pagamento.
A ladainha insiste na mesma tecla: o Estado precisa de uma “reforma radical”.
“O gasto com folha de pagamentos e previdência no Brasil chega a 80%, é um ponto completamente fora da curva”, afirmou, ignorando o papel social dessas despesas em um país com imensa desigualdade.

A sugestão de congelar o salário mínimo ignora que milhões de brasileiros dependem dele não apenas como piso de remuneração, mas como base de cálculo de benefícios previdenciários, pensões e programas sociais. Para muitos analistas, a proposta revela uma visão tecnocrática desconectada da realidade de grande parte da população brasileira, que sofre com a alta do custo de vida e a perda de direitos trabalhistas.
Fraga também fez críticas ao cenário internacional, afirmando que o comportamento do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, é preocupante. “Quando vejo o presidente dos Estados Unidos maltratando, humilhando o Canadá, o México, fico assustado. Onde vamos desse jeito?”, declarou. Ainda assim, defendeu que o Brasil mantenha certa independência em suas decisões diplomáticas e econômicas.
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