Cardeal condenado por corrupção briga para votar no conclave do Vaticano

Atualizado em 22 de abril de 2025 às 22:17
Cardeal Giovanni Angelo Becciu e o papa Francisco. Foto: Reprodução.

O cardeal Giovanni Angelo Becciu, que teve seus direitos retirados pelo Papa Francisco após um escândalo de corrupção, está desafiando a sanção e tentando garantir seu lugar no conclave que elegerá o próximo Papa.

Becciu foi destituído do cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e perdeu o direito de participar do conclave, uma decisão tomada pelo Papa Francisco em setembro de 2020. No entanto, o religioso insiste que suas prerrogativas cardinais ainda estão válidas.

“Referindo-se ao último consistório, o Papa reconheceu minhas prerrogativas cardinais intactas, já que não houve vontade explícita de me excluir do conclave nem solicitação de minha renúncia por escrito”, declarou Becciu ao jornal Unione Sarda. Ele afirma que não houve intenção clara do Papa de excluí-lo e que sua situação foi, de fato, “indultada”.

O Vaticano, por sua vez, não se manifestou oficialmente sobre a reivindicação de Becciu, mas a Congregação Geral dos Cardeais será responsável por decidir se ele poderá ou não participar do conclave. Esse evento será decisivo, uma vez que, caso Becciu tenha sucesso, o número de cardeais eleitores no conclave aumentaria de 135 para 136.

Becciu, ex-substituto da Secretaria de Estado, esteve envolvido no escândalo de corrupção relacionado à compra de um imóvel de luxo em Londres por 200 milhões de euros. Após uma longa investigação, ele foi condenado a cinco anos e seis meses de prisão, com recurso marcado para o próximo outono. Seu nome também foi ligado a outros episódios polêmicos durante sua carreira no Vaticano.

O cardeal Giovanni Angelo Becciu: forçado a renunciar após acusações de peculato e nepotismo. Foto: AFP/File

O cardeal da Sardenha foi uma figura central no papado de Francisco, mas sua imagem ficou manchada após a descoberta de que ele usava sua posição para beneficiar familiares e aliados em esquemas financeiros. A condenação em primeira instância abalou a confiança de muitos, incluindo o próprio Papa Francisco, que decidiu remover Becciu de seus cargos.

Becciu agora enfrenta a resistência de vários cardeais, especialmente aqueles ligados à ala conservadora da Igreja. Sua presença no conclave poderia gerar um ambiente de tensão e divisão, afetando o equilíbrio entre as facções que disputam a liderança da Igreja Católica.

Entre os favoritos ao Trono de Pedro está o secretário de Estado Pietro Parolin, considerado um mediador capaz de agradar tanto aos progressistas quanto aos conservadores. No entanto, a situação de Becciu pode complicar ainda mais o já delicado processo de sucessão.

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