A adoração a Lady Gaga é uma doença incurável, como a idiotice

Atualizado em 1 de maio de 2025 às 9:23
Fãs recebem as pizzas enviadas pela cantora Lady Gaga em frente ao Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Foto: Henrique Barbi

Assistir a um mar de fãs histéricos gritando o nome de Lady Gaga enquanto ela se hospeda no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, acampados na areia, sem comer e sem dormir, é um espetáculo deprimente.

Esse frenesi insano em torno de uma artista é nada mais que uma doença da alma, um sintoma de uma sociedade adoecida pela falta de propósito e pela estultice.

Todo fã é, sobretudo, um imbecil. Ao invés de se preocupar com o mundo real, essas pessoas preferem se perder em uma ilusão criada por ídolos de cabeça oca.

Eles se sacrificam e perdem o próprio equilíbrio emocional em troca de um olhar fugaz ou um abraço superficial de uma mulher que, no fundo, é só mais alguém vendendo um produto para uma massa que aplaude a si mesma.

Não há muita diferença para os bolsonaristas que rezavam para pneus. É a mesma mentalidade que criou os fenômenos mais bizarros dos últimos tempos, como a moda dos bebês reborn — bonecas que são tratadas como filhos de verdade por adultos desmiolados que querem aparecer.

O que estamos vivendo não é mais entretenimento; é uma sociedade que, ao invés de criar algo real, prefere se afundar em fetiches e fantasias vazias.

Lady Gaga, assim como outros do mesmo calibre, alimenta essa obsessão. Ela não é mais uma cantora, mas um ícone que serve para preencher o abismo existencial de seus adoradores.

Eles se oferecem num altar para “estar perto dela”. Em troca, ela manda pizzas para os “little monsters”. Pode parecer inofensivo, mas é sintoma de algo muito mais profundo e perturbador.

O lixo deixado para trás, as garrafas vazias, os restos de comida espalhados por Copacabana são a verdadeira marca dessa palhaçada. Não é apenas uma praia imunda e uma música ordinária, é uma derrota do espírito.

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Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.