Entenda a teoria que liga o Papa Leão XIV às profecias do “Apocalipse 13”

Atualizado em 8 de maio de 2025 às 23:42
Papa Leão XIV falando em microfone, sério, olhando pra frente, em pé, segurando papel
Robert Francis Prevost, o Papa Leão XIV – Reprodução

Após o anúncio de Robert Francis Prevost como novo papa, agora chamado Papa Leão XIV, teorias religiosas e conspirações apocalípticas tomaram conta das redes sociais nesta quinta-feira (8). Muitos usuários fizeram referência direta ao capítulo 13 do livro do Apocalipse, gerando discussões sobre profecias e o “número da besta”. Com informações do g1.

Apocalipse 13: o que diz a profecia bíblica?

O Apocalipse, último livro do Novo Testamento, foi escrito pelo apóstolo João no século 1. O capítulo 13, citado por conspiracionistas, descreve duas bestas simbólicas: uma que emerge do mar e outra da terra.

“E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a boca de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio”

É nesse trecho que surge a conhecida referência ao número 666: “Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é 666.”

Especialista esclarece o significado real do Apocalipse 13

Para Kenner Terra, pastor e doutor em ciências da religião pela Universidade Metodista de São Paulo, o texto tem um sentido político e simbólico.

“É porque no capítulo 13 fala de uma figura que sai do mar com características de poder político e com uma relação com outra figura, que sai da terra, que tem poder religioso, que é o falso profeta”, explica o professor e autor do livro O Apocalipse de João: caos, cosmos e o contradiscurso apocalíptico.

Por que o papa é associado ao anticristo?

De acordo com Kenner, desde a Reforma Protestante, o papa já foi visto por alguns grupos como o anticristo ou como o falso profeta descrito no Apocalipse. A escolha do nome Leão XIV reacendeu especulações por coincidir com o capítulo 13 do livro — Papa Leão XIII foi um dos mais citados em antigas teorias.

“Toda teoria da conspiração conecta numa narrativa de forma aparentemente óbvia uma imagem completamente sem sentido. É assim que as teorias da conspiração funcionam. Então, pega, o nome Leão, o número 13, o papa, e aí começam as invencionices, que para mim são muito perversas, perigosas e alienadoras”, afirma o teólogo.

Filmes e livros reforçam crenças sobre o fim do mundo

Obras como Deixados para Trás, que retratam o arrebatamento e o fim dos tempos, reforçam a ideia de uma aliança entre líderes políticos e religiosos que causaria o Apocalipse. Os Estados Unidos, por sua relevância geopolítica, também costumam aparecer como cenário central dessas narrativas.

Nas plataformas digitais, especialmente no X/Twitter, frases como “Profecia do Apocalipse 13 se cumprindo” viralizaram. Internautas ligaram o nome Leão XIV à “boca de leão” mencionada no versículo e reforçaram a teoria de que o novo papa seria um sinal do fim dos tempos.

Apocalipse: um livro simbólico, não literal

O Apocalipse foi escrito em um contexto de opressão do Império Romano. Suas imagens foram inspiradas em livros como Daniel, do Antigo Testamento, que também utiliza feras como metáforas para governantes tiranos.

“No Apocalipse 13, o visionário que chama-se João faz uma crítica a um imperador romano. Como ele faz essa crítica? Ele vai usar as imagens do seu tempo. E tem um livro chamado Daniel, do Antigo Testamento. E o livro de Daniel, em um determinado momento, ele fala de quatro monstros. Quatro feras. Leopardo, leão, águia, urso, entende?”, explica Kenner.

Por que o Apocalipse ainda gera tanto debate?

Ao longo da história, o livro do Apocalipse foi usado para explicar eventos catastróficos como a peste negra, o aquecimento global e até o acidente de Chernobyl. Sua linguagem simbólica e enigmática contribui para múltiplas interpretações, muitas vezes distorcidas.

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