PM mata jovem negro na Bahia e comunidade se revolta: “Não vamos aceitar”

Atualizado em 12 de maio de 2025 às 16:42
O guia turístico Victor Cerqueira Santos Santana (28). Foto: Reprodução

A morte de Victor Cerqueira Santos Santana, de 28 anos, na comunidade ribeirinha de Caraíva, em Porto Seguro (BA), durante uma operação policial no último fim de semana gerou revolta e protestos na região. Conhecido como Vitinho, o jovem negro era morador de Itabela, município vizinho, e trabalhava como guia turístico.

Antes de ser encontrado morto, Victor foi detido e algemado por policiais quando estava a caminho do trabalho. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia afirmou que ele “resistiu à prisão e acabou ferido” pelos PMs.

“As equipes das Polícias Federal, Civil e Militar cumpriam mandado de prisão contra o homem, identificado como Alongado. O criminoso resistiu a prisão e acabou ferido. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos”, diz a secretaria.

Segundo a pasta, os supostos criminosos foram mortos “em confronto” durante uma operação de combate ao crime organizado com as policiais estaduais e federal na comunidade ribeirinha. No protesto que ocorre na região, pessoas que conheciam Victor negam a versão da SSP.

“Caraíva acordou revoltada porque mataram mais um inocente. Não vamos aceitar que esse caso seja abafado ou tratado como efeito colateral. Estamos falando de racismo estrutural, de violência do Estado, e de uma vida que foi tirada sem explicação”, afirma Joice Terlone, amiga de Victor.

Ela diz que Victor estava fazendo a travessia para buscar hóspedes na beira do rio, “como fazia todo fim de tarde”, quando foi detido e algemado. “A polícia decidiu fazer uma ‘ação de inteligência’ em um vilarejo turístico, num sábado às 18h, colocando a vida de moradores e visitantes em risco”, prossegue.

Seu corpo foi encontrado com sinais de tortura, segundo a amiga. “Encontraram ele com o rosto desfigurado, olhos inchados, joelhos feridos, marcas de coronhada”, completa.

Outros moradores da região negam a suposta troca de tiros citada pela pasta e afirmam que Victor não estava armado. Comércios e pousadas estão fechadas na comunidade desde ontem, quando a travessia por barco a Caraiva foi bloqueada.

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