
O líder espírita Divaldo Pereira Franco morreu na noite desta terça-feira (13), em Salvador, aos 98 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. Ele lutava contra um câncer de bexiga diagnosticado em novembro de 2023. O velório público ocorrerá nesta quarta-feira (14), das 9h às 20h, no Ginásio da Mansão do Caminho, instituição que fundou, e o sepultamento ocorrerá no Cemitério Bosque da Paz.
Nascido em 5 de maio de 1927, em Feira de Santana, Divaldo manifestou mediunidade desde os quatro anos, quando recebeu uma mensagem de sua bisavó falecida. A família, de formação católica tradicional, via suas faculdades psíquicas como possessão demoníaca, submetendo-o a castigos físicos. Na adolescência, enquanto trabalhava em uma corretora de seguros, atendia clientes desencarnados — episódios que o levaram a ser diagnosticado como “louco” e quase submetido a eletrochoques.
Aos 17 anos, após a morte súbita do irmão José, Divaldo ficou paralítico por seis meses. Sua cura veio através da médium Naná Borges, que o introduziu ao Espiritismo. Em 1947, mudou-se para Salvador e, com o amigo Nilson de Souza Pereira, fundou o Centro Espírita Caminho da Redenção, dando início ao trabalho que culminaria na criação da Mansão do Caminho.
O projeto começou modestamente: uma escola improvisada sob uma mangueira, usando caixotes de madeira como carteiras. Hoje, ocupa 83 mil m² no bairro Pau da Lima, com mais de 50 edificações que incluem escolas, creches, cursos profissionalizantes e atendimento médico gratuito. Calcula-se que mais de 35 mil crianças foram educadas pela instituição.
Paralelamente ao trabalho social, Divaldo tornou-se um dos maiores psicógrafos do mundo. Seu primeiro livro, “Messe de Amor” (1964), ditado pelo espírito Joanna de Ângelis, iniciou uma produção que ultrapassou 250 obras, traduzidas para 16 idiomas e vendendo mais de 10 milhões de exemplares.
Como divulgador do Espiritismo, percorreu 65 países em mais de 70 anos de palestras, recebendo o título de “Embaixador da Paz”. Apesar das comparações com Chico Xavier, mantinha-se humilde: “Ele foi um mestre; eu apenas sigo seu exemplo”, dizia.
Nos últimos anos, Divaldo Franco se aproximou politicamente da extrema-direita. Durante o governo de Jair Bolsonaro, expressou apoio público ao ex-presidente e foi citado em eventos e discursos de lideranças bolsonaristas como uma referência espiritual alinhada aos valores da chamada “família tradicional”.
Nos despedimos hoje de Divaldo Franco, um dos maiores líderes espíritas da história. Com tristeza, expressamos nossa solidariedade aos familiares e amigos desse homem de tamanha grandeza, de entrega às causas humanitárias. Sua existência sempre será um exemplo para todos nós. pic.twitter.com/J6Fb20EYYi
— Prefeitura do Salvador (@prefsalvador) May 14, 2025
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