VÍDEO: padre Júlio desmente boatos sobre “fim” da cracolândia e denuncia ameaças de morte

Atualizado em 15 de maio de 2025 às 11:03
Padre Júlio Lancellotti desmente autoridades sobre o “problema resolvido” na cracolândia. Foto: Reprodução

O padre Júlio Lancellotti publicou um vídeo nas redes sociais nesta quinta-feira (15) desmentindo o discurso das autoridades de São Paulo de que o problema da cracolândia, área no centro conhecida pela concentração de usuários de drogas, foi resolvido.

Após o esvaziamento da rua dos Protestantes, tradicional epicentro da cracolândia na Santa Ifigênia, grupos de dependentes químicos voltaram a circular por outras áreas da região central de São Paulo nos últimos dias.

“Eles estão ficando espalhados pela cidade. Dizer que todos estão em clínicas ou que foram para um lado ou para o outro não é verdade. O bonito é a autoridade assumir e dizer a verdade”, disparou o religioso, responsável por ações sociais com moradores de rua.

Um homem, que relatou estar na cracolândia dias atrás, afirmou que deixou o local por causa da opressão e violência da polícia. Ele chegou a dizer que os policiais estavam ameaçando de morte os dependentes químicos.

“Sai de lá por causa da opressão da polícia, que vive batendo na gente, manda a gente para um canto ou outro, e agora eles estão ameaçando a gente de morte”, disse um dos usuários, que completou dizendo que nenhuma ajuda ou trabalho foi oferecido.

Padre Júlio, então, completa: “Não adianta fazer propaganda política dizendo que a cracolândia desapareceu. A cracolândia não é um espaço físico, são as pessoas. Por isso que esse nome não é adequado. Os irmãos precisam de acolhimento e não de violência.”

O discurso das autoridades de São Paulo

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou estar surpreso com o esvaziamento na rua dos Protestantes, na Santa Ifigênia. O emedebista também associou a redução de usuários às ações de remoção na favela do Moinho.

“A gente tinha lá, em 2016, 4.000 usuários. Foi fazendo um trabalho, começamos mais fortemente em 2021, em 2022 reforçamos bastante, com ampliação da assistência social, equipe de saúde, polícia municipal, Polícia Militar e Polícia Civil. E aí foi gradativamente diminuindo. Não quer dizer que resolveu, não vamos ter essa ilusão”, disse Nunes.

Já o vice-prefeito Mello Araújo (PL) disse que parte dos dependentes químicos foi levada para unidades de tratamento do município, enquanto outros decidiram buscar as próprias famílias. Ele ainda alega que “eles saem voluntariamente porque sabem que vão para lugares em melhores condições”.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse, em comunicado, que ações do governo contribuíram para a redução da cracolândia, como o combate ao tráfico de drogas, prisões de lideranças criminosas na região e o fechamento de estabelecimentos que seriam usados para lavar dinheiro.

“Essas ações se somaram ao reforço no policiamento e à intensificação de investigações, separando o criminoso do dependente químico”, afirmou, no texto, o secretário Guilherme Derrite.

Padre Júlio, no entanto, já havia rebatido os discursos: “Não sumiram nem estão todos em clínicas, mas espalhados pela cidade, amedrontados e maltratados”.

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