
Em pouco mais de uma semana na liderança da Igreja Católica, o recém-empossado papa Leão XIV já apresenta diferenças no comando da Santa Sé em comparação ao seu antecessor Francisco I. Diferentemente do argentino, que optou por uma residência mais simples, Leão XIV decidiu retornar ao tradicional Palácio Apostólico, residência oficial dos papas por séculos.
O Palácio Apostólico, localizado na Cidade do Vaticano, oferece uma estrutura ampla e histórica. Seu apartamento papal inclui cerca de 10 cômodos, entre eles um quarto com móveis do século 18, uma capela privativa, um escritório particular, uma biblioteca exclusiva e uma suíte médica, sendo esta última adicionada durante o pontificado de João Paulo II para emergências.
O espaço ainda conta com um jardim suspenso e acomodações para as religiosas responsáveis pela manutenção da Prefeitura da Casa Pontifícia. É da biblioteca privada que o papa aparece semanalmente para orações, pela famosa janela com vista para a Praça de São Pedro.
Além do Palácio Apostólico, Leão XIV terá acesso a outras comodidades históricas. Em Castel Gandolfo, residência de verão dos papas, há uma piscina inaugurada por João Paulo II. Dentro do Vaticano, o novo pontífice poderá continuar a frequentar uma quadra de tênis próxima às Muralhas Leoninas, espaço que já utilizava antes de sua eleição.

A decisão do novo papa também contrasta com o estilo de vida adotado por Francisco, que morreu em 21 de abril após 12 anos de pontificado.
Jorge Mario Bergoglio optou por residir na Casa Santa Marta (Domus Sanctae Marthae), um edifício funcional construído em 1996 para hospedar cardeais durante os conclaves. Desde sua eleição, em 2013, o papa argentino viveu na suíte 201 do local, onde já estava hospedado.
Sua escolha refletia o desejo de viver em comunidade, alinhado à tradição jesuíta. Francisco dividia o espaço com padres, bispos e participantes de eventos no Vaticano. Seu apartamento era discreto, com uma capela, escritório, sala de jantar, cozinha e quartos para secretários.
A decoração incluía um crucifixo de madeira, uma imagem de Nossa Senhora de Luján, padroeira da Argentina e uma estátua de São José.

Francisco foi o primeiro papa em mais de 110 anos a não ocupar os aposentos do Palácio Apostólico. O último a fazer isso foi Pio X, no início do século XX. Na Casa Santa Marta, o pontífice mantinha uma rotina simples: celebrava missa diariamente às 7h na capela principal e fazia suas refeições na sala de jantar comum, junto a funcionários do Vaticano.
Ao justificar sua decisão, Francisco disse à imprensa: “A residência no Palácio Apostólico é (…) grande e de muito bom gosto, mas não é luxuosa (…) É grande, mas a entrada é estreita. Apenas uma pessoa por vez consegue entrar e eu não consigo viver sozinho. Preciso viver minha vida com outros.”
O retorno de Leão XIV ao Palácio Apostólico simboliza uma retomada das tradições papais, após um período marcado pela simplicidade e reformas sob Francisco. Enquanto o novo papa abraça a grandiosidade histórica do cargo, sua escolha reacende debates sobre o estilo de vida dos líderes da Igreja e o equilíbrio entre tradição e modernidade.
Conheça as redes sociais do DCM:
Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line