Internação à vista: Moraes marca depoimento de Bolsonaro

Atualizado em 2 de junho de 2025 às 19:04
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), olhando para o lado com rabo de olho, sério
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: Reprodução/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes marcou para segunda-feira, 9 de junho, o início dos interrogatórios no processo que investiga a tentativa de golpe que pretendia manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após sua derrota nas eleições de 2022. As audiências presenciais devem se estender até sexta-feira, 13, caso necessário.

Consta — nos bastidores da política e nos corredores da maledicência — que o ex-presidente já planeja sua tradicional internação preventiva para o dia 8, véspera da estreia do STF no teatro da conspiração golpista de 2022. Uma encenação que, apesar do amadorismo, deixou rastros, ruídos e um roteiro tragicômico de memórias golpistas.

O hospital ainda é incerto. Fontes próximas garantem que o golpista fascista escolherá a primeira UTI disponível — desde que o acesso de oficialas de justiça seja interditado, que haja pão com leite condensado no café da manhã e, sobretudo, um médico pouco afeito a perguntas embaraçosas. Brasília, naturalmente, está fora de cogitação: por lá, há excesso de interrogações e escassez de piedade institucional. Tudo o que o miliciano fascista deseja, neste momento, é distância de ambos.

Ex-presidente Jair Bolsonaro internado no hospital DF Star, em Brasília. Foto: reprodução

Homem de hábitos firmemente improvisados sempre que há polícia no encalço — improvisos já previsíveis, diga-se —, estão dizendo que o genocida fascista teria encomendado uma clássica camisa azul hospitalar — sob medida, claro — com botões que se abrem automaticamente ao ouvir, no recinto, o nome “Alexandre de Moraes” e estampa um avental bordado com a frase: “Interdito por motivos cardíacos e metafísicos”.

Ainda não se sabe qual será a justification hospitalizations: se uma crise intestinal, um latejo na cicatriz da facada ou um colapso súbito do espírito republicano. Mas algo — algo grave, quase místico — o há de conduzir à maca justamente na véspera do depoimento de Mauro Cid, o tenente-coronel que, delator em punho e ternura em falta, inaugura a semana de interrogatórios.

Internar-se às portas de uma audiência crucial é a arte performática predileta do vagabundo fascista. Seria impreciso chamá-lo de fujão. Ele é, na verdade, um virtuose do adiamento, mestre da procrastinação institucionalizada, artista do repouso estratégico. Se existisse medalha olímpica para o drama clínico-emocional em tempos de inquérito, o vagabundo fascista levaria o ouro — com direito a hino nacional, choro contido e selfie com enfermeira patriota.

Resta saber se, desta vez, o repouso do golpista-vagabundo-genocida-miliciano-fascista será breve ou perpétuo — no sentido jurídico, evidentemente. Porque há doenças que o descanso não cura. E há perguntas, sobretudo no Supremo, que nem a melhor morfina consegue calar.