
Não há exemplo no mundo do que vai acontecer a partir dessa segunda-feira no Brasil. O chefe de uma tentativa de golpe e sete dos seus cúmplices no principal núcleo da trama serão interrogados no Supremo pelo relator dos processos, ministro Alexandre de Moraes, e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, em audiências com transmissão ao vivo.
Golpistas que fracassaram na eleição de outubro de 2022 e que voltaram a fracassar na tentativa de impedir a posse do governo eleito – e, depois, a continuidade do governo recém empossado – terão que dizer por que foram tão desastrados, medíocres e incompetentes. E todos nós poderemos vê-los e ouvi-los.
Será um espetáculo sem nada igual na história dos golpes, que começa nessa segunda às 14h e tem previsão de encerramento, considerando-se apenas os interrogatórios desses primeiros oito réus, na sexta-feira.
A Primeira Turma do STF vai ouvir os golpistas do chamado núcleo crucial nessa ordem. O primeiro a ser interrogado é o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, na condição de delator.

Os outros sete serão interrogados por ordem alfabética: Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-chefe da Abin), Almir Garnier (ex-chefe da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e vice na chapa de Bolsonaro em 2022).
Os interrogatórios serão presenciais, com exceção do caso de Braga Netto, que desde dezembro está preso preventivamente no Rio de Janeiro e falará remotamente, por vídeo.
O depoimento de Bolsonaro pode acontecer entre terça e quinta-feira, dependendo do ritmo dos interrogatórios. Como os golpistas se comportarão diante de Alexandre de Moraes e Paulo Gonet? Veremos a partir dessa segunda.