“Bolsonaro preso já”: web repercute primeiros depoimentos sobre trama golpista no STF

Atualizado em 10 de junho de 2025 às 10:29
O ex-presidente Jair Bolsonaro atrás de grades. Foto: Pablo Porciuncula/AFP

O depoimento do tenente‑coronel Mauro Cid, na última segunda‑feira (9), no Supremo Tribunal Federal (STF), provocou forte repercussão e pedidos pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os termos “Bolsonaro Preso Já” e “Sem Anistia” estão, desde a segunda-feira (9) entre os assuntos mais comentados no X.

Por firmar um acordo de delação premiada, o militar foi o primeiro a depor no núcleo central da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado e os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro de 2023. Ele revelou detalhes robustos que ampliam o escopo das investigações contra Bolsonaro e seu entorno.

Cid confirmou ter presenciado discussão e edição de uma minuta de decreto que previa estado de defesa e prisão de autoridades, embora tenha dito que Bolsonaro tenha reduzido o documento, mantendo apenas menção à prisão do ministro Alexandre de Moraes, que também é relator do processo.

Disse também que houve pressão de militares para que o ex‑presidente assinasse decretos autoritários, e relatou o financiamento, por meio de Wagner Netto, de acampamentos pró‑golpe em frente ao QG do Exército. Além disso, Cid afirmou que não foi localizada fraude na urna eletrônica, conforme tentativas de comprovação pelos envolvidos.

O conteúdo reforça a narrativa central da denúncia da Procuradoria‑Geral da República: Bolsonaro teria fomentado uma articulação golpista, articulada com militares e aliados civis. O pacto entre estrutura militar e política, evidenciado pelo depoimento, reacende o debate sobre responsabilidade penal do ex‑presidente.

Reações e pedidos de prisão

A repercussão política foi imediata. Juristas, procuradores e entidades de defesa da democracia pedem que o STF avalie a decretação de prisão preventiva de Bolsonaro, argumentando que ele representa risco à ordem pública e pode interferir nas investigações. Veja: 

Paralelamente, parlamentares reforçam pedidos de abertura de investigação sobre o financiamento dos acampamentos e exigem que o Congresso colabore com medidas cautelares. Parlamentares mais alinhados ao ex‑presidente, por sua vez, questionam a credibilidade da delação premiada de Cid, apontando eventual inconsistência em seu depoimento.

O julgamento do “núcleo 1”, separado assim pela Procuradoria-Geral da República (PGR), começou por Cid dado o seu acordo de delação premiada. Após o militar, os demais investigados, incluindo o ex-presidente Bolsonaro, vão depor seguindo uma ordem alfabética, sendo:
– Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), que já depôs;
– Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha), depondo no início desta terça-feira;
– Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
– Augusto Heleno (ex-GSI);
– Jair Bolsonaro (ex-presidente);
– Paulo Sérgio Nogueira (ex-Defesa);
– Walter Braga Netto (ex-Casa Civil).

Braga Netto, único que não estará presente fisicamente por estar preso no Rio, será interrogado por videoconferência com sua imagem exibida em telão.

Acompanhe o depoimento de Garnier ao vivo: