
A Marcha para Jesus 2025 reuniu milhares de fiéis nesta quarta-feira (19), em São Paulo, em mais uma edição do evento evangélico que toma as ruas com cânticos religiosos, discursos e manifestações de fé.
Mas uma cena em meio à multidão chamou atenção: enquanto centenas de participantes carregavam bandeiras de Israel, uma jovem brasileira exibiu a da Palestina e foi hostilizada.
Marta Batista, dona de casa que vive em Londres e veio ao Brasil para acompanhar a marcha, foi ameaçada por um homem evangélico. “O Israel mencionado na Bíblia não é o mesmo Estado de Israel governado por Benjamin Netanyahu, um político acusado de crimes de guerra”, disse ela.
“Uma pessoa cristã tinha de orar pela paz, não torcer para um lado. Me chamaram de terrorista”. Ela repetiu alguma vezes “Deuteronômio 25”.
Ainda assim, é comum ver evangélicos adotando símbolos israelenses como expressão de apoio ao governo de extrema-direita do país, ignorando as diferenças religiosas e políticas.
A marcha também contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas e do prefeito Ricardo Nunes, que aproveitaram a exposição para reforçar suas imagens junto ao eleitorado evangélico, estratégico para as eleições de 2026. Dois oportunistas numa tarde suja. Tarcísio passeou com a bispa Sônia, organizadora do evento, picareta presa nos EUA escondendo dólares numa Bíblia.
O uso político da fé, somado à desinformação e ao discurso de figuras nefastas, tem aprofundado distorções religiosas e estimulado um ambiente de intolerância.
A Marcha para Jesus representa a instrumentalização da religião e acirra os conflitos que surgem quando fé e bolsonarismo se misturam, com resultados catastróficos.