Mercado mantém otimismo com o real e vê dólar recuar ainda mais até o fim do ano

Atualizado em 21 de junho de 2025 às 12:28
Notas de cem reais e cem dólares. Foto: Reprodução

O real acumula uma valorização surpreendente em 2025, com o dólar em queda de 10,60% no ano e encerrando a última semana cotado a R$ 5,5248. No início do ano, com a moeda americana acima de R$ 6, poucas instituições apostavam nesse cenário positivo para a divisa brasileira. Com informações do Valor Econômico.

A decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Selic para 15%, reforçou o otimismo entre analistas, mesmo com uma leve alta do dólar na sexta-feira (20). Para um trader de um grande banco, esse movimento de alta foi pontual e ligado à busca por proteção (hedge) diante das tensões no Oriente Médio. A visão majoritária, segundo ele, ainda é a de que o câmbio seguirá mais valorizado.

Instituições financeiras seguem confiantes no desempenho do real, citando como fatores positivos a postura disciplinada do Banco Central, um cenário fiscal que avança com dificuldades, mas sem rupturas, e o elevado diferencial de juros, que torna o país atrativo para operações de carry trade.

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Banco Central do Brasil. Foto: Reprodução

O Société Générale projeta o dólar a R$ 5,20 no fim de 2025, podendo chegar a R$ 5,00 no primeiro trimestre de 2026. Para o estrategista Bertrand Delgado, a combinação de juros altos, economia resiliente e melhora no apetite por risco deve continuar impulsionando o real, desde que o governo evite políticas fiscais arriscadas, o que, segundo ele, tende a ser limitado pelo Congresso.

O Bank of America também ajustou sua projeção para o dólar no fim do ano para R$ 5,50 e abriu uma recomendação de venda da moeda americana frente ao real, com alvo de R$ 5,00. A justificativa é que o real estava 20% desvalorizado em termos reais no momento da abertura da posição, o maior desvio entre moedas da América Latina.

A fraqueza global do dólar também favorece o câmbio brasileiro. O índice DXY, que mede a força da moeda dos EUA frente a uma cesta de divisas fortes, acumula queda de 8,95% no ano. Entre os emergentes, o real se destaca com apoio do diferencial de juros e das medidas do Banco Central para conter distorções no mercado de câmbio, o que potencializa o efeito da Selic elevada.

Para Teresa Alves, estrategista do Goldman Sachs, a decisão do Copom de manter juros altos por um “período bastante prolongado” fortalece o real como moeda favorita em operações de carry trade. “Essa postura firmemente ‘hawkish’ e o foco em manter os juros reais elevados devem continuar a sustentar os retornos totais do real”, afirma.