
O ex-deputado estadual Nabor Wanderley da Nóbrega Filho, pai do atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi acusado de corrupção em diversos momentos de sua trajetória política. Em 2013, ele foi condenado por improbidade administrativa e teve os direitos políticos suspensos. A condenação ocorreu após sua gestão como prefeito de Patos (PB), onde esteve no cargo entre 2005 e 2012. Apesar da sentença, recorreu e ocupa, até hoje, o mandato como prefeito da cidade, após vencer as eleições de 2024.
Delação aponta esquema de propina e uso de empresa de fachada
Em 2016, uma proposta de delação premiada do empresário José Aloysio da Costa Machado Neto, dono da construtora Soconstrói, detalhou o envolvimento direto de Nabor em um esquema de propina. Segundo o delator, o então candidato à Prefeitura de Patos teria recebido 10% de comissão em contratos de terraplanagem de ruas. O empresário citou que as fraudes envolviam direcionamento de editais e uso de empresas de fachada, como a Suport, para garantir contratos milionários.
O esquema, segundo o depoimento, beneficiava um grupo político liderado por Nabor e que incluía a própria esposa, Ilanna Motta; sua mãe, Francisca Motta; o filho, Hugo Motta; e o prefeito de Emas, Segundo Madruga, cunhado do deputado. “10% do valor das obras iriam para o grupo político comandado por Nabor – o grupo envolve Nabor, Hugo Motta, Chica Motta, Ilanna Motta e outros menores”, afirmou o empresário.
Família Motta foi alvo de operação da PF
No mesmo ano, a Polícia Federal prendeu preventivamente Ilanna Motta, mãe de Hugo, e determinou o afastamento de Francisca Motta, sua avó, do cargo de prefeita de Patos. Ambas foram investigadas na Operação Veiculação, que apurou fraudes em contratos públicos com mais de R$ 11 milhões em recursos federais. A mãe do deputado exercia o cargo de chefe de gabinete da própria mãe, Francisca, que comandava a prefeitura na ocasião.

A investigação apontou crimes como direcionamento de licitações, superfaturamento de contratos e desvio de verbas de programas federais, como o Fundeb, o PNATE e o Pró-Jovem Trabalhador. O clã Motta domina a política da região de Patos desde os anos 1950 e tem integrantes com histórico de cargos públicos e envolvimento em escândalos.