Irlandês conta como sobreviveu a queda de 200m onde brasileira morreu

Atualizado em 26 de junho de 2025 às 13:29
O irlandês Paul Farrell e a brasileira Juliana Marins. Foto: reprodução

O irlandês Paul Farrell, de 32 anos, viveu uma experiência que quase terminou em tragédia durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, o mesmo local onde a brasileira Juliana Marins, 26, perdeu a vida nesta semana. Em entrevista à BBC News Brasil, ele falou sobre o acidente que ocorreu em outubro passado, durante a descida da montanha.

“O chão ali é diferente, do tipo que você parece dar um passo pra frente e dois para trás. Pelo fato de estarmos num vulcão, o terreno é arenoso e você pode afundar os pés”, contou Farrell. A

decisão aparentemente inocente de tirar as luvas para limpar os tênis transformou-se num pesadelo quando uma rajada de vento levou suas luvas. Ao tentar pegá-las, o chão cedeu: “Nessa hora, eu ajoelhei. E o chão onde eu pisava simplesmente desabou”.

A queda de aproximadamente 200 metros foi interrompida por uma rocha que Farrell conseguiu alcançar. “A velocidade com que eu caía só aumentava, a adrenalina estava a mil. Eu concluí rapidamente que poderia morrer a qualquer momento”, relembrou. Ferido, mas consciente, ele permaneceu na rocha por cinco horas até o resgate chegar, tempo que descreve como uma mistura de terror e reflexão profunda.

Paul Farrell esperou entre 5 e 6 horas até ser resgatado em acidente no Monte Rinjani. Foto: reprodução

O salvamento só foi possível graças a uma turista francesa que testemunhou o acidente e correu para buscar ajuda. Curiosamente, as equipes de resgate já estavam na área para outro acidente fatal.

“Quando finalmente me vi livre, senti um alívio absoluto”, confessa Farrell, que mesmo após a experiência traumática diz que faria a trilha novamente, embora com mais cautela.

O risco de morte levou Farrell a refletir sobre a segurança no local. “Em primeiro lugar, gostaria de lamentar a morte da Juliana e prestar minha solidariedade à família dela neste momento”, disse, demonstrando sensibilidade ao caso da brasileira.

Ele sugeriu melhorias como o aumento das taxas de visitação para financiar melhor infraestrutura e a presença de mais guias por grupo, especialmente para acompanhar os que ficam para trás.

A experiência transformou profundamente o irlandês, que hoje se encontra em um retiro de yoga na Índia. “Desde que sofri o acidente, minha conexão com Deus está muito melhor. Agora tento viver a vida de um jeito mais alinhado aos valores que realmente são centrais para mim”, revelou.