A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) apagou uma publicação em que criticava o uso de dinheiro de casas de apostas para patrocinar as festas juninas em São Paulo.
No post, intitulado “Bet é Cultura?”, a parlamentar afirmava que os festejos na capital paulista estavam sendo transformados em “uma peça de divulgação de um mercado bilionário”, com distribuição de brindes, copos e chapéus pela empresa Vai de Bet em espaço público.
A crítica ganhou repercussão porque, em Recife (PE), cidade governada por João Campos (PSB), namorado da deputada, o São João e o Carnaval também são patrocinados por casas de apostas. A capital pernambucana tem como principal apoiador o site Esportes da Sorte, e a gestão de Campos ainda aprovou, em abril, a redução do ISS para essas empresas, de 5% para 2%.
Na postagem apagada, Tabata escreveu: “A marca distribuiu brindes, copos, chapéus. Usou um espaço público para fazer cadastro de visitantes e coletar dados pessoais. Ganhou os holofotes e o Instagram da festa, onde um post sugere: ‘Aposte na cultura’”. A parlamentar alertava ainda para o crescimento do vício em apostas, destacando que “21% dos recursos do Bolsa Família já foram parar em casas de apostas”, segundo dados da Receita.
A repercussão gerou cobranças nas redes, diante da relação de João Campos com empresas do setor. Ainda na postagem deletada, a deputada afirmou: “Mesmo diante dessa epidemia de vício, a Prefeitura deu palco e prestígio a uma casa de apostas […] São João é alegria, é raiz, é encontro. Não pode ser palco para quem lucra com o desespero das pessoas”.
Minutos após a publicação da reportagem, Tabata repostou o conteúdo, alterado, afirmando que a exclusão anterior ocorreu por um erro na postagem original. “O post em questão foi apagado porque havia um erro e já está novamente no ar”, disse em nota enviada à coluna.
Tabata também reiterou sua posição a favor da regulamentação das bets e citou um pacote de projetos de lei apresentados na Câmara para conter os efeitos do setor sobre os mais vulneráveis. Entre as propostas estão o PL 2269/2025, que limita a publicidade e exige alertas sobre os riscos do vício; o PL 2278/2025, que restringe o acesso de grupos inscritos no CadÚnico ou endividados; o PL 2280/2025, que cria uma poupança compulsória; e o PL 2279/2025, que proíbe a participação de autoridades públicas em empresas do ramo.
“O objetivo desse conjunto de propostas é impedir que esse setor bilionário continue operando sem controle, às custas da saúde mental e financeira da população”, finalizou a deputada.
