Juliana Marins pode ter sigo “enganada”, diz brasileira que subiu vulcão na Indonésia

Atualizado em 27 de junho de 2025 às 11:57
A brasileira Juliana Marins (26), brasileira que morreu após acidente durante trilha em vulcão na Indonésia. Foto: Reprodução

A trágica morte de Juliana Marins, que caiu durante a subida ao vulcão Rinjani, na Indonésia, após esperar quatro dias por resgate em um desfiladeiro, chamou a atenção para a falta de estrutura e o descaso por parte das agências de turismo. As condições precárias de segurança e as falsas promessas feitas aos turistas são destacadas em relatos de quem já viveu experiências similares na região.

Maria Luiza Lins Reuter, advogada e viajante com mais de 20 países no passaporte, relatou sua própria experiência em 2017, sugerindo que Juliana poderia não ter recebido as informações necessárias antes de aceitar o passeio.

À coluna de Ancelmo Gois no jornal O Globo, Maria Luiza disse que acredita que “as chances de a Juliana ter sido enganada são muito grandes”. Ela viajou para a Indonésia com o objetivo de surfar, mas, junto com duas amigas, decidiu explorar o Monte Rinjani.

A agência de turismo vendeu o passeio como algo “tranquilo”, adequado até para crianças e idosos, e garantiu que teriam um guia experiente, barracas, alimentação e todos os equipamentos necessários. No entanto, o que parecia ser uma aventura simples se transformou em um pesadelo.

Ao chegar à base do vulcão, Maria e suas amigas se depararam com a falta de equipamentos adequados, como botas nos seus tamanhos. Elas foram pressionadas a continuar a viagem, pois estavam com um grupo e não havia possibilidade de voltar. “Nos foi garantido que seria possível fazer o percurso assim mesmo”, lembra.

A situação piorou quando o grupo chegou ao acampamento. O guia havia levado apenas duas barracas para um grupo de seis pessoas e ainda sugeriu que uma das brasileiras dormisse com um desconhecido. Além disso, o lugar onde acamparam era estreito e perigoso, com despenhadeiros dos dois lados.

Maria Luiza Lins Reuter em viagem à Indonésia, em 2017. Foto: Arquivo pessoal

Uma das amigas de Maria Luiza teve uma crise de pânico, enquanto o guia ria da situação. Com o tempo, elas começaram a perceber a gravidade da falta de cuidado e organização, com falha de equipamentos durante a caminhada.

Na subida ao cume do vulcão, as turistas se depararam com outra dificuldade: o guia tinha apenas uma lanterna, que quebrou após 40 minutos de caminhada. Sem visibilidade, elas continuaram o percurso no escuro, o que aumentou o risco da subida.

“Chegamos ao topo do vulcão depois de 4 horas, já de manhã. A descida era extremamente difícil. Nos momentos em que conseguíamos nos comunicar, era para pedir a Deus que ninguém escorregasse”, relatou Maria.

Embora o grupo tenha conseguido concluir a jornada sem acidentes, a sensação de insegurança e abandono ficou. “Não houve qualquer empatia ou cuidado conosco. Enfim, descemos e seguimos para o segundo ponto de descanso. Conseguimos nos livrar desse pesadelo. Saímos ilesas”, afirma Maria.

Maria lamenta o fato de o mesmo tipo de experiência ainda ser vendido em 2025, com pouca fiscalização ou mudança na abordagem das agências. “Sou acostumada a viajar e nunca imaginei que, num box de turismo, fosse vendido um passeio com esse grau de risco como se fosse algo tranquilo”, prossegue.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.