A Escola Estadual Parque dos Sonhos, em Cubatão (SP), é uma das 10 melhores escolas do mundo no prêmio World’s Best School (Melhor Escola do Mundo) e concorre até 08 de julho à principal premiação na categoria Superação de Adversidades.
O reconhecimento é da T4 Education, entidade que reconhece iniciativas transformadoras em escolas. A votação para Melhor Escola do Mundo acontece no site vote.worldsbestschool.org.
Para concorrer ao prêmio de Superação de Adversidades, a base foi um projeto de acolhimento e conexão dos estudantes, moradores de uma área de vulnerabilidade em Cubatão, com foco no aprendizado e 21 projetos complementares, como a patinação artística.
Nos últimos anos, a escola se destaca pela excelência entre os colégios estaduais. Régis Ribeiro é diretor da escola desde 2016 e utiliza a não-violência, inspirada em Gandhi, e a metodologia de Paulo Freire para dirigir a escola cubatense.
Do pesadelo ao sonho
Ribeiro conta a trajetória de quase 10 anos comandando a Parque dos Sonhos e o desafio enfrentado para superar tantas dificuldades: “Fui convidado para ser diretor em 2016 e, quando pesquisei no Google, todas as matérias jornalísticas falavam de violência no entorno da escola – traficantes invadindo uma festa, computadores roubados. Mas resolvi aceitar o desafio”.
“Quando eu cheguei na escola, o colégio era todo protegido por grades, parecia um presídio. O primeiro passo foi repor os equipamentos: mandei 135 cartas para empresas e só o Itaú respondeu, fazendo também uma doação de R$ 100 mil, com a qual compramos computadores novos”, relembra ele.
Em 2014, a escola tinha duas ocorrências policiais por semana, cerca de 80 casos a cada ano letivo. Roubos, agressões e outras ocorrências eram parte do cotidiano. “Com a valorização da comunidade e uma escola mais equipada, há três anos, eu não faço uma ocorrência”, comemora Ribeiro.
Projetos
Segundo Ribeiro, o passo seguinte foi recuperar a autoestima daquela comunidade: “Comecei a almoçar diariamente com os alunos e a perguntar aos docentes quais projetos eles queriam desenvolver além das aulas previstas no currículo”.
De acordo com o diretor da escola, na época, ninguém queria estudar lá: eram apenas 116 alunos. “A diretoria me cobrava mais matrículas. Hoje, 600 alunos estudam na Parque dos Sonhos, um aumento de mais de 400% em menos de 10 anos”.
Conforme o diretor da escola em Cubatão, “antes de plataforma, técnica e currículo, é necessário olhar o aluno e o professor como seres humanos”. Hoje, a escola conta com 21 projetos e oficinas, com temas que vão do handebol à patinação, passando por culinária e teatro.
Tanto esforço se refletiu na melhora das notas da escola em avaliações estaduais e nacionais: a escola saiu de uma nota 2,2 para 4,5 na avaliação paulista (Idesp) e na federal (Ideb). “Nossas metas estão acima do exigido pelo governo estadual”, diz Ribeiro.
“Mais leitura e melhor interpretação de texto também foram consequências desse trabalho de envolver alunos, professores e comunidade na melhoria da Parque dos Sonhos. Nossa indicação ao prêmio de Melhor Escola do Mundo na superação de adversidades é a coroação disso tudo”, diz ele.
