EUA negam vistos e tiram Cuba de torneio continental de vôlei

Atualizado em 29 de junho de 2025 às 6:34
A seleção de vôlei feminino de Cuba, em primeiro plano, durante jogo contra a Itália. Reprodução

A seleção feminina de vôlei de Cuba foi impedida de participar do Norceca Final Four, torneio continental que será realizado em Manatí, Porto Rico, entre os dias 16 e 21 de julho. O motivo foi a recusa do governo dos Estados Unidos em conceder vistos para 16 membros da delegação cubana, incluindo 12 atletas, dois técnicos, um árbitro e um gerente de equipe.

A negativa, feita pela embaixada americana em Havana, motivou protestos da Federação Cubana de Voleibol, que classificou a decisão como “injusta e discriminatória”. Em nota oficial divulgada na última quinta-feira (26), a entidade acusou os Estados Unidos de comprometerem os princípios esportivos e de afetarem a preparação rumo aos Jogos da América Central e do Caribe de 2026.

Com a exclusão de Cuba, a seleção de Trinidad e Tobago foi chamada para ocupar a vaga no torneio, que também conta com México, Costa Rica e Porto Rico. A ausência de Cuba pode impactar diretamente sua pontuação no ranking mundial e prejudicar suas chances em futuras classificatórias internacionais.

Porto Rico, apesar de não ser oficialmente um estado americano, está sob jurisdição dos Estados Unidos, que controlam a emissão de vistos. A situação diplomática tem gerado atritos frequentes entre Washington e Havana, especialmente no campo esportivo.

César Trabanco, presidente da Federação Portorriquenha de Voleibol, lamentou a ausência de Cuba, afirmando que “a situação mancha o espírito competitivo que tanto valorizamos”. Ele também mencionou que outros esportes já enfrentaram obstáculos semelhantes, como o basquete.

A seleção feminina cubana, que brilhou em três Olimpíadas com medalhas de ouro e bronze, não disputa os Jogos desde Atenas 2004. Mesmo em fase de reconstrução, segue sendo uma referência histórica da modalidade nas Américas.

Bruno Rodríguez Parrilla, ministro das Relações Exteriores de Cuba. Reprodução

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, também se pronunciou, dizendo que a medida “faz parte de uma lista racista e xenófoba de restrições migratórias elaborada pelo Secretário de Estado”.

Este não é um caso isolado. Desde o início do segundo mandato do presidente Donald Trump, em janeiro de 2025, atletas cubanos enfrentam crescentes obstáculos para competir em eventos realizados em territórios sob jurisdição americana.

A Federação Cubana alertou ainda que a atual postura dos Estados Unidos aumenta a insegurança em relação à participação nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, previstos para 2028. A entidade agradeceu os esforços dos organizadores, que tentaram garantir a presença da delegação na competição.