
A seleção feminina de vôlei de Cuba foi impedida de participar do Norceca Final Four, torneio continental que será realizado em Manatí, Porto Rico, entre os dias 16 e 21 de julho. O motivo foi a recusa do governo dos Estados Unidos em conceder vistos para 16 membros da delegação cubana, incluindo 12 atletas, dois técnicos, um árbitro e um gerente de equipe.
A negativa, feita pela embaixada americana em Havana, motivou protestos da Federação Cubana de Voleibol, que classificou a decisão como “injusta e discriminatória”. Em nota oficial divulgada na última quinta-feira (26), a entidade acusou os Estados Unidos de comprometerem os princípios esportivos e de afetarem a preparação rumo aos Jogos da América Central e do Caribe de 2026.
Com a exclusão de Cuba, a seleção de Trinidad e Tobago foi chamada para ocupar a vaga no torneio, que também conta com México, Costa Rica e Porto Rico. A ausência de Cuba pode impactar diretamente sua pontuação no ranking mundial e prejudicar suas chances em futuras classificatórias internacionais.
Porto Rico, apesar de não ser oficialmente um estado americano, está sob jurisdição dos Estados Unidos, que controlam a emissão de vistos. A situação diplomática tem gerado atritos frequentes entre Washington e Havana, especialmente no campo esportivo.
César Trabanco, presidente da Federação Portorriquenha de Voleibol, lamentou a ausência de Cuba, afirmando que “a situação mancha o espírito competitivo que tanto valorizamos”. Ele também mencionou que outros esportes já enfrentaram obstáculos semelhantes, como o basquete.
A seleção feminina cubana, que brilhou em três Olimpíadas com medalhas de ouro e bronze, não disputa os Jogos desde Atenas 2004. Mesmo em fase de reconstrução, segue sendo uma referência histórica da modalidade nas Américas.

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, também se pronunciou, dizendo que a medida “faz parte de uma lista racista e xenófoba de restrições migratórias elaborada pelo Secretário de Estado”.
Este não é um caso isolado. Desde o início do segundo mandato do presidente Donald Trump, em janeiro de 2025, atletas cubanos enfrentam crescentes obstáculos para competir em eventos realizados em territórios sob jurisdição americana.
A Federação Cubana alertou ainda que a atual postura dos Estados Unidos aumenta a insegurança em relação à participação nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, previstos para 2028. A entidade agradeceu os esforços dos organizadores, que tentaram garantir a presença da delegação na competição.