
O governo Lula considera convocar de volta sua embaixadora em Washington, Maria Luiza Viotti, caso o presidente Donald Trump imponha sanções contra o Supremo Tribunal Federal (STF), seus ministros ou outras autoridades brasileiras. A medida está entre as alternativas avaliadas pelo executivo brasileiro como resposta diplomática a um eventual ataque institucional vindo da Casa Branca. Com informações de Jamil Chade, do Uol.
A movimentação ocorre em meio a tensões políticas e jurídicas entre Brasil e Estados Unidos. A possibilidade de sanções norte-americanas ganhou força após o STF consolidar, nesta quinta-feira (26), uma posição que obriga as plataformas digitais a atuarem contra a disseminação de conteúdos criminosos e antidemocráticos.
A decisão do Supremo pode desencadear pressões do setor de tecnologia, inclusive nos EUA, que por sua vez pode reagir por meio de ações políticas lideradas por Trump, alinhado à extrema direita brasileira. O Planalto enxerga esse tipo de retaliação como uma afronta às instituições democráticas do país.
No campo diplomático, a convocação de um embaixador é uma ação simbólica, mas contundente, adotada quando um país deseja expressar forte descontentamento com outro. Não se trata da retirada definitiva da diplomata, mas de uma mensagem clara de repúdio político.

Três fontes do alto escalão confirmaram ao portal UOL que a convocação de Viotti está entre os cenários debatidos internamente. A resposta será calibrada de acordo com o peso e a gravidade de uma eventual medida americana. O governo brasileiro busca evitar uma reação desproporcional a um gesto que, eventualmente, possa ser apenas simbólico.
O Palácio do Planalto já sinalizou a Washington suas “linhas vermelhas” e espera que essas fronteiras institucionais sejam respeitadas, mesmo num eventual governo Trump. A avaliação é de que qualquer cruzamento dessas barreiras exigirá uma reação firme por parte do Brasil.
O entorno do presidente Lula vê o tema das redes sociais como um ponto potencial de conflito com os EUA. Há receios de que pressões externas possam interferir nas regras brasileiras para o combate à desinformação e ameaças à democracia.
Além disso, integrantes do governo expressam preocupação com a possibilidade de interferência internacional nas eleições de 2026. O avanço da extrema direita global e o uso político de plataformas digitais são vistos como fatores de instabilidade e risco para o processo democrático no país.