Taxar bilionários pode gerar R$ 1,3 trilhão por ano, aponta estudo

Atualizado em 1 de julho de 2025 às 23:04
Mão segurando cédulas de R$ 100 e R$ 50
Imagem ilustrativa – Reprodução

Um imposto global de 2% sobre o patrimônio de aproximadamente 3.000 bilionários no mundo poderia arrecadar US$ 250 bilhões por ano (cerca de R$ 1,35 trilhão, na cotação atual). Com informações do UOL.

A proposta foi apresentada em um estudo solicitado pelo G20, liderado pelo Brasil, e divulgado em 2024, e é considerada uma estratégia eficiente para combater a crescente desigualdade de riqueza global. O assunto voltou à tona recentemente, quando o governo Lula retomou a ofensiva para taxar super-ricos.

O relatório foi elaborado pelo economista francês Gabriel Zucman e propõe a aplicação de um tributo sobre patrimônios bilionários que ainda não pagam o equivalente a 2% em imposto de renda. A medida funcionaria como um complemento tributário e não exigiria um imposto diretamente sobre a renda, mas sim sobre o patrimônio acumulado.

Segundo o estudo, os 3.000 bilionários detêm juntos US$ 14,2 trilhões e representam apenas 0,0001% da população mundial. No Brasil, cerca de 50 pessoas estariam dentro desse critério. A proposta também sugere que, ao incluir os 65 mil indivíduos com mais de US$ 100 milhões em patrimônio, a arrecadação anual poderia chegar a US$ 390 bilhões. Com uma alíquota de 3%, esse valor saltaria para até US$ 690 bilhões (R$ 3,7 trilhões).

O relatório intitulado “Um projeto para um imposto mínimo coordenado sobre indivíduos de patrimônio líquido ultra-alto” será debatido durante a reunião do G20 em julho. Países como Espanha, França e Bélgica já demonstraram apoio.

O G7 também sinalizou disposição para discutir a proposta. No entanto, o representante do Ministério da Fazenda, Felipe Oliveira, reconhece que a aprovação entre os governos pode ser demorada, mesmo com respaldo técnico e acadêmico.

Zucman afirma que não seria necessário um tratado internacional para implementação, mas sim uma coordenação entre os países. A ideia seria ampliar o intercâmbio de dados sobre propriedade de ações e empresas, como já ocorre com informações bancárias. “A evasão não é uma lei da natureza”, afirma o economista.

O documento ressalta que apenas uma em cada 1 milhão de famílias seria afetada pela nova taxação. O foco está nos bilionários, cuja riqueza cresceu a taxas muito superiores à média desde os anos 1980. De 1987 a 2024, a riqueza do grupo 0,0001% mais rico cresceu cerca de 7% ao ano, enquanto a média global foi de 3%.

Atualmente, esses super-ricos pagam entre 0% e 0,6% de sua riqueza em impostos individuais. Em alguns países, como a Holanda, a alíquota é praticamente nula, e mesmo nos EUA, ela não passa de 0,6%. O estudo aponta que, proporcionalmente, a classe média arca com mais tributos que os bilionários.

Para viabilizar a proposta em nível nacional, o estudo sugere modelos como:

  • Imposto de renda presumido,
  • Tributação sobre ganhos de capital não realizados,
  • Imposto direto sobre o patrimônio líquido.