
O próximo foco de tensão entre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o governo Lula (PT) está prestes a entrar em pauta: a votação do projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
Segundo o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), Motta se comprometeu a colocar o projeto em votação em breve, conforme informações da colunista Bela Megale, do Globo.
De acordo com o bolsonarista, o texto da anistia está sendo construído de maneira reservada por Motta, em conjunto com Jair Bolsonaro (PL). O projeto, no entanto, não prevê qualquer tipo de benefício direto ao ex-presidente, cujo julgamento pela tentativa de golpe ainda está em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
A avaliação de integrantes do governo Lula é que, se Motta colocar a anistia para votar poucas semanas depois da derrota do IOF, o clima vai piorar ainda mais. “Uma atitude como essa será vista como uma declaração de guerra”, afirmou um ministro da cúpula do Planalto.
Nos bastidores, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também vem articulando apoio ao projeto. Desde o início de junho, ele tem dito a aliados que a proposta será aprovada com rapidez tanto na Câmara quanto no Senado. Integrantes do PL afirmam ainda que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), está envolvido nas articulações para avançar com a anistia.
Alcolumbre joga a toalha
No entanto, em meio à crise entre o governo Lula (PT) e o Congresso, Alcolumbre pediu ao número 2 da Fazenda, Dario Durigan, que a gestão petista abandone o discurso de “nós contra eles”.
O pedido foi feito durante uma reunião na última quarta-feira (2), em Brasília, considerada o primeiro passo concreto para tentar distensionar a relação após a derrota do Executivo com a derrubada do aumento do IOF.
Segundo interlocutores, Alcolumbre disse que o discurso precisa parar em nome da pacificação. A conversa ocorre após o agravamento da crise entre os Poderes.
O presidente do Senado afirmou a aliados que está disposto a trabalhar para reduzir a tensão, mas espera sinais claros de que o governo também deseja pacificar.
