“Gilmarpalooza”: André Mendonça repete discurso bolsonarista e ataca Moraes

Atualizado em 3 de julho de 2025 às 19:24
Fux, Moraes e André Mendonça, ministros do STF. Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

Durante o evento jurídico promovido em Lisboa pelo ministro Gilmar Mendes, conhecido informalmente como “Gilmarpalooza”, o ministro do STF André Mendonça criticou, sob aplausos, os métodos adotados por Alexandre de Moraes no julgamento dos envolvidos nos ataques do 8 de janeiro.

Em sua fala, Mendonça afirmou que o Supremo vive um momento de descrédito perante a população e rejeitou o que classificou como “métodos inquisitórios” instaurados, revisados e julgados pelo colega de Corte.

O encontro, oficialmente chamado de 13º Fórum de Lisboa, reúne anualmente ministros do STF, juristas, autoridades acadêmicas e representantes dos Três Poderes para discutir temas constitucionais e jurídicos. A edição deste ano conta com a presença de cerca de 400 palestrantes e recebeu mais de 2,5 mil inscritos. Pelo menos 150 representantes do governo Lula, do Congresso e do Judiciário confirmaram presença.

A participação de ministros do governo, como Jorge Messias (AGU), Camilo Santana (Educação), Márcio França (Empreendedorismo) e Ricardo Lewandowski (Justiça), gerou questionamentos sobre os custos. Enquanto a AGU informou que o evento arcaria com os gastos de Jorge Messias, o Ministério da Educação disse que custeará as despesas com verba própria. Já a pasta de Márcio França garantiu que seguirá a legislação vigente.

O STF, por sua vez, confirmou presença ampla, com ministros como Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e o próprio Gilmar Mendes. A Corte informou que não custeará passagens ou diárias, e que eventuais gastos com segurança serão disponibilizados no Portal da Transparência.

As declarações de Mendonça ganham destaque por terem sido feitas no mesmo ambiente em que Alexandre de Moraes também participou. O ministro da Justiça, Flávio Dino, além de Moraes e Mendonça, também foi convidado para um seminário na Universidade de Coimbra, em Portugal, mas não informaram quem financiará suas viagens. A Fundação Getulio Vargas (FGV) se responsabilizou pelos custos relacionados ao fórum.

Organizado pelo Instituto Brasileiro de Direito Público (IDP), fundado por Gilmar Mendes, em parceria com a Universidade de Lisboa e a FGV, o evento tem se consolidado como um dos principais espaços de debate sobre o Judiciário brasileiro. Nesta edição, porém, o embate de visões entre membros da Suprema Corte trouxe à tona as divisões internas no STF diante dos desafios institucionais do país.