
A declaração final da 17ª Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro, defendeu uma reforma ampla da ONU, a criação de dois Estados para resolver o conflito entre Palestina e Israel e condenou ataques recentes ao Irã. O documento, intitulado “Declaração do Rio de Janeiro”, foi divulgado neste domingo (6) pelo Itamaraty e reúne os principais consensos entre os 11 países-membros do bloco.
O texto propõe modernizar o Conselho de Segurança da ONU, ampliando a participação de países do Sul Global, especialmente da África, América Latina e Caribe. Os líderes também expressaram apoio à reforma do FMI e do Banco Mundial para tornar a governança internacional mais inclusiva. A valorização do multilateralismo e o repúdio a ações unilaterais completam o núcleo diplomático do comunicado.
No campo geopolítico, os países-membros se comprometeram com a solução de dois Estados para a crise Israel-Palestina, considerada o único caminho viável para a paz. Apesar de o Irã, um dos novos integrantes do Brics, não reconhecer Israel, a delegação iraniana endossou a proposta — sinalizando um alinhamento estratégico pontual.
A declaração ainda condena ataques contra o Irã, sem citar diretamente os autores. O gesto é visto como uma crítica velada a Estados Unidos e Israel, embora mantenha linguagem diplomática. O grupo também reforçou o compromisso com soluções pacíficas para crises como a de Gaza e prometeu agir como uma voz conjunta em conflitos internacionais.

Na área econômica, o Brics defendeu o uso de moedas locais nas transações internas e o fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD). No campo ambiental, firmou apoio ao fundo “Tropical Forests Forever” e destacou a importância de uma transição ecológica justa. O comunicado também trouxe pautas sobre inovação, saúde, educação, arbitragem e turismo.
O evento, sediado no Museu de Arte Moderna (MAM), consolidou a atuação do Brics como um bloco que busca reposicionar o Sul Global nas principais mesas de negociação global. Além de temas diplomáticos e econômicos, o grupo reafirmou a intenção de aumentar sua influência em áreas como segurança cibernética, ciência e infraestrutura global.