
Até Merval Pereira, colunista do Globo e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), se manifestou contra a absurda mensagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro:
Devemos nos acostumar a que Donald Trump faz coisas que nenhum presidente de qualquer país faria. A declaração de apoio a Bolsonaro é uma delas. Ele foi muito radical, tratou o Brasil como uma ditadura de terceiro mundo, que não respeita os direitos humanos. Não creio que haja qualquer consequência, mas é uma atitude temerária dele, de interferir na política interna de um país amigo e democrático.
Em vez de responder à The Economist, o Itamaraty deveria responder a ele, que acusa a justiça brasileira de perseguir Bolsonaro. Evidente que a declaração do presidente americano é uma resposta à reunião do Brics, presidido agora pelo Brasil. O documento final do grupo é completamente partidário; defende o Irã, não toca na Rússia, fala sobre o fim do multilateralismo.
É uma declaração de países que estão na oposição da estrutura internacional em vigor, e com a ideia crescendo de não usar mais o dólar nas transações entre eles. Não vão ganhar apoio de ninguém, porque se mostraram tão sectários e partidários, que ficou claro que querem mudar o status ocidental, sem propor soluções e defendendo coisas indefensáveis, como ditaduras e invasões.
Durante a 17ª Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, Lula foi questionado sobre a recente postagem de Donald Trump em defesa de Jair Bolsonaro.
Ao responder, o presidente brasileiro evitou entrar em detalhes sobre o tema, mas ressaltou que o Brasil tem suas próprias leis e regras que devem ser respeitadas. “Portanto, que se preocupem com a vida deles e não com a nossa”, declarou.
Na segunda-feira, Donald Trump, por meio de sua rede social Truth Social, afirmou que Bolsonaro está sendo alvo de perseguição no Brasil. Ele expressou acreditar que o tratamento dado ao ex-presidente brasileiro é “algo terrível”.
Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022, foi mencionado por Trump, que, sem fazer referência direta às ações judiciais contra ele, disse que acompanhará de perto o que acontece no Brasil, afirmando ainda que Bolsonaro “não é culpado de nada”.