Casa Branca: Trump monitora os Brics de perto e crê que bloco é anti-EUA

Atualizado em 7 de julho de 2025 às 18:00
Karoline Leavitt, secretária de Comunicação e porta-voz da Casa Branca. Foto: reprodução

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (7), a secretária de Comunicação e porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acredita que o Brics está “tentando minar os interesses dos EUA”. A declaração foi feita após questionamentos sobre as tarifas comerciais ameaçadas pelo republicano contra países alinhados ao bloco.

“Trump está garantindo que os EUA serão tratados de forma justa no cenário global”, disse Leavitt, destacando que o presidente está “monitorando de perto” a cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro. “Trump não acredita que o Brics esteja se fortalecendo”, acrescentou.

A porta-voz também informou que cerca de 12 nações, além do Japão e da Coreia do Sul, receberão cartas sobre novas tarifas, que serão divulgadas na rede Truth Social.

“Haverá cartas adicionais além das 12 nações. Os EUA estão perto de outros acordos comerciais. Trump e os negociadores querem os melhores negócios para o país”, afirmou.

Segundo Leavitt, os documentos enviados aos países “serão levados a sério” e que Trump tem recebido ligações de líderes mundiais “implorando para alcançar acordos”. Ela ainda confirmou que o presidente assinará uma ordem executiva adiando o prazo para implementação das tarifas, originalmente previsto para julho, para 1º de agosto.

Ameaças sem impacto

As ameaças de tarifas feitas por Trump não devem impedir que os países do Brics avancem em acordos comerciais que priorizem moedas locais em vez do dólar, segundo especialistas. Após a divulgação da Declaração do Rio de Janeiro, na qual o Brics defende uma ordem mundial “mais justa”, Trump ameaçou impor tarifas extras a produtos de países alinhados ao bloco, que hoje reúne 11 nações, incluindo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

“Eu diria que ele não vai ser bem-sucedido”, afirmou Luiz Gonzaga Belluzzo, professor titular da Unicamp, em entrevista à Agência Brasil. Segundo ele, os países já buscam reduzir a dependência do dólar devido às flutuações cambiais que afetam suas economias.

“Os países do Brics não estão buscando a criação de uma outra moeda reserva. Eles estão, na verdade, tentando estabelecer relações em suas moedas”, explicou o economista.

Antonio Jorge Ramalho da Rocha, professor da UnB, concorda que as ameaças de Trump devem acelerar a busca por alternativas. “O atual presidente americano gosta de vociferar ameaças, gerando desconfianças que em nada contribuem para o enfrentamento dos verdadeiros problemas globais”, criticou.

Para Rocha, a redução do uso do dólar já está em curso e deve se intensificar. “Não se vislumbra uma ‘desdolarização’, mas a redução do uso do dólar, substituído por outras moedas, em especial o Euro, e por arranjos baseados em moedas digitais de bancos centrais”, afirma.